Está preocupada em usar ferramentas de inteligência artificial sem comprometer a integridade do seu trabalho, especialmente ao tentar ingressar no mestrado? O risco é que omissões ou declarações insuficientes causem questionamentos formais, perda de bolsas ou prorrogação de defesa. Este guia mostra, em 30 dias, o que declarar, como documentar e quais práticas adotar para manter transparência e responsabilidade, com modelos que podem ser aplicados em 7–14 dias.
Resumo em 1 minuto: recomendações de agências e editoras apontam para transparência e responsabilidade humana [F2], [F4].
Ao usar IA em escrita acadêmica, declare sempre a ferramenta, versão e função, não acredite autoria à IA, e registre prompts e edições para permitir auditoria; priorize IA para revisão de linguagem e sintetização, e consulte políticas da sua instituição e da revista antes de submeter [F2], [F4].
Perguntas que vou responder
- Quando a IA precisa ser declarada no trabalho?
- Como distinguir ferramenta de autora?
- Como registrar prompts e versões para reprodutibilidade?
- Quais riscos de integridade devo evitar?
- Como alinhar citações e ABNT ao usar IA?
- O que minha universidade deve fazer para governança?
Quando a IA deve ser declarada em um trabalho acadêmico?
Conceito em 1 minuto
Declarar significa informar claramente onde, como e por que a IA foi usada, incluindo o papel funcional da ferramenta — por exemplo, edição de linguagem, resumo de literatura ou geração de rascunhos — para preservar rastreabilidade e responsabilidade humana.
O que as políticas nacionais e editoriais orientam [F4] [F5]
Relatórios de agências brasileiras e editoras internacionais exigem declaração de uso e descrição do papel da IA na metodologia ou nos agradecimentos [F2], e orientações editoriais pedem transparência sobre versões e prompts quando relevante para resultados [F4], [F5].
Passo a passo para declarar uso
- Passo 1: Em metodologia ou agradecimentos, nomeie a ferramenta e a versão.
- Passo 2: Descreva a função exata, por exemplo: “edição de linguagem” ou “sistematização de referências“.
- Passo 3: Anexe ou indique repositório com prompts e logs, quando aplicável.
Checklist rápido: inclua nome da ferramenta, versão, data de uso e função. Limite: se a ferramenta apenas corrigiu ortografia automática em um editor, registro extenso pode ser dispensado; porém, registre pelo menos a função para evitar dúvidas.

Como diferenciar IA como ferramenta de autoria?
Conceito em 1 minuto
Autoria implica responsabilidade intelectual sobre concepção, análise e interpretação; ferramenta executa tarefas como sugerir frases, organizar conteúdo ou buscar referências, e a responsabilidade final permanece com os autores humanos.
O que dizem COPE e grandes editoras [F6] [F4]
Organizações de ética e editoras afirmam que IAs não devem ser creditadas como autoras; o uso deve ser declarado e qualquer contribuição intelectual deve permanecer sob responsabilidade de pesquisadores humanos [F6], [F4].
Checklist para atribuição e responsabilidade
- Determine se a contribuição afetou hipótese, design, análise ou interpretação.
- Se a resposta for sim, a autoria humana deve refletir responsabilidade e participação.
- Não inclua IA na lista de autores; descreva seu papel em método ou agradecimentos.
Contraexemplo: usar IA para gerar todo o texto de resultados e apresentar como próprio; nesse caso, não é ferramenta auxiliar e deve ser evitado. Se estiver em dúvida, consulte o orientador e o comitê de integridade.
Como documentar prompts, versões e processo para reprodutibilidade?
O que registrar em menos de um minuto
Registre prompts originais, respostas da IA relevantes, configurações e a versão do modelo; guarde também alterações humanas subsequentes e datas de cada interação para rastreabilidade.

Exemplo de diretriz institucional e prática [F1]
Algumas universidades já recomendam repositórios de logs e templates para inclusão em anexos de tese, permitindo auditoria e reprodutibilidade parcial do processo de escrita [F1].
Template de registro rápido (use como anexo)
- Ferramenta:
- Versão/modelo:
- Data e hora:
- Prompt original:
- Resposta gerada (trecho relevante):
- Edites humanos (resumo das mudanças):
- Finalidade no trabalho: edição de linguagem / síntese / rascunho / outro
Limite prático: em tarefas triviais de autocompletar, registre a função e a ferramenta em vez de cada prompt. Para trechos substantivos, arquive tudo.
Quais riscos de ética e integridade devo evitar?
Conceito rápido dos riscos
Riscos principais incluem plágio assistido, perda de rastreabilidade metodológica, viés algorítmico e possível exposição de dados sensíveis ao usar modelos comerciais.
O que os relatórios destacam [F2] [F3]
Documentos de fomento e iniciativas acadêmicas brasileiras apontam risco reputacional e sugerem políticas claras para declaração e avaliação do uso da IA nas pesquisas [F2], enquanto comunidades científicas destacam problemas de originalidade e vieses em saídas geradas [F3].

Mitigação e exemplo autoral
- Passo 1: Submeta texto a verificadores de originalidade antes de enviar.
- Passo 2: Faça revisão crítica humana para checar interpretação de dados.
- Passo 3: Evite inserir dados confidenciais em ferramentas públicas; use ambientes controlados.
Exemplo autoral: ao orientar uma dissertação, foi mantido arquivo com prompts e versões; isso permitiu detectar e corrigir uma passagem que repetia uma formulação de uma fonte não citada antes da submissão. Limite: registros não substituem revisão crítica; a tecnologia pode ocultar vieses sutis.
Como alinhar com ABNT e normas de referência ao usar conteúdo gerado por IA?
Conceito em 1 minuto
ABNT ainda não publicou norma definitiva sobre citação de conteúdo gerado por IA; portanto, o princípio é a transparência: trate saídas da IA como fontes informativas e documente origem e papel.
O que orientadores e guias práticos recomendam [F10] [F1]
Guias e propostas técnicas mostram modelos de frase para notas e entradas de referência que explicam que o conteúdo foi gerado por IA e qual foi seu papel no texto [F10], enquanto universidades indicam formatos de declaração em anexos ou metodologia [F1].
Passo a passo para citar e documentar segundo boas práticas
- Indique na seção de metodologia ou em nota de rodapé que partes foram geradas por IA, incluindo ferramenta e versão.
- Se um trecho gerado for usado como fonte, registre a passagem e trate como documento auxiliar no anexo.
- Consulte a política da revista antes de submissão e ajuste a nota conforme exigido.
Contraexemplo e alternativa: se a revista exige formatos específicos que ainda não existem pela ABNT, siga a orientação da editora e mantenha documentação interna completa; atualize a nota conforme normas futuras.
O que a instituição deve fazer para governança e apoio?

Conceito em 1 minuto
Governança institucional engloba políticas claras, treinamentos para orientadores e serviços de apoio, além de fluxos de avaliação para garantir integridade e reprodutibilidade.
Exemplos de iniciativas e políticas nacionais [F1] [F2] [F8]
Algumas universidades já publicaram diretrizes locais e compilações institucionais; relatórios de fomento sugerem capacitação e normatização para avaliação de projetos que usam IA [F1], [F2], [F8].
Mapa em 5 passos para implementar na sua universidade
- Diagnosticar usos atuais de IA entre estudantes e orientadores.
- Criar política institucional mínima sobre declaração e registro.
- Capacitar orientadores e bibliotecas para apoiar documentação.
- Disponibilizar repositório seguro para logs e anexos.
- Integrar fluxo ao comitê de integridade e às regras de defesa.
Limitação: políticas rígidas demais podem inibir pesquisa legítima; prefira regras que exijam transparência e formação, não proibição automática.
Como validamos
Foram revisados documentos de agências de fomento, orientações de editoras e compilações institucionais, priorizando fontes oficiais e editoriais relevantes para garantir alinhamento com padrões emergentes [F2], [F4], [F6].
Conclusão, resumo e próximos passos
Resumo: declare o uso da IA, não atribua autoria à ferramenta, registre prompts e versões e documente funções em metodologia ou anexos. Ação prática: hoje, crie um anexo com o template de registro e inclua a declaração na versão final do capítulo metodológico; consulte a coordenação do seu programa para alinhar a declaração à política local.
FAQ
Preciso declarar se usei IA só para revisar português?
Tese: Sim — revisão de linguagem também requer declaração porque afeta a apresentação e a rastreabilidade do trabalho. Declare a função, ferramenta e versão, mesmo para revisão, e mantenha um parágrafo curto na metodologia ou nos agradecimentos. Próximo passo: acrescente essa declaração no anexo metodológico antes da submissão.
Posso colocar a IA como coautora?
Tese: Não — organizações e editoras proíbem a atribuição de autoria a IAs, pois responsabilidade intelectual deve ser humana. Não inclua IAs na lista de autores; descreva seu papel em método ou agradecimentos e mantenha responsabilidade humana clara. Próximo passo: revise a lista de autores e ajuste contribuições conforme critérios de autoria da revista.
Onde salvo meus prompts e logs?
Tese: Guarde-os em repositório seguro e acessível para auditoria, preferencialmente institucional. Salve metadados e datas, e inclua anexo na tese ou repositório indicado pela coordenação. Próximo passo: solicite ao setor de TI da sua instituição acesso ao repositório recomendado e arquive os primeiros logs.
E se a ABNT ainda não tem norma específica?
Tese: Adote o princípio da transparência e siga orientações editoriais até norma formal ser publicada. Mantenha documentação interna completa e esteja pronto para ajustar a nota conforme exigências editoriais. Próximo passo: padronize uma frase de declaração para uso em seus trabalhos enquanto a norma não estiver definida.
Elaborado pela Equipe da Dra. Nathalia Cavichiolli.
Dra. Nathalia Cavichiolli — PhD pela USP, com dois pós-doutorados; MBA em Gestão e Docência; experiência internacional na The Ohio State University (EUA); revisora de periódicos científicos pela Springer Nature, com atuação em 37+ revistas, incluindo a Nature; especialista em escrita acadêmica há 15+ anos; pioneira no uso de IA para escrita científica no Brasil; 2.800+ alunos impactados no Brasil e em 15+ países.
Referências
- [F2] – https://www.gov.br/capes/pt-br/centrais-de-conteudo/23042025_Relatorio_2575649_A_inteligencia_artificial_na_pesquisa_e_no_fomento.pdf
- [F4] – https://www.elsevier.com/about/policies-and-standards/the-use-of-generative-ai-and-ai-assisted-technologies-in-writing-for-elsevier
- [F5] – https://www.springernature.com/gp/editorial-policies
- [F6] – https://publicationethics.org/guidance/cope-position/authorship-and-ai-tools
- [F1] – https://prpg.unicamp.br/wp-content/uploads/sites/10/2025/01/livro-diretrizes-ia-1.pdf
- [F3] – https://blog.scielo.org/blog/2025/02/05/pesquisadores-lancam-diretrizes-iag/
- [F10] – https://delneroconteudo.com.br/normas-abnt-para-referencias-de-conteudo-criado-por-inteligencia-artificial/
- [F8] – https://revistapesquisa.fapesp.br/universidades-brasileiras-discutem-regras-de-uso-de-inteligencia-artificial/
Atualizado em 24/09/2025