Você sente que sua ideia é boa, mas não sabe se vale a pena investir tempo escrevendo um pré‑projeto? O problema comum é claro: gastar semanas em proposta que falha por falta de relevância, impacto ou viabilidade. Este texto mostra, em passos práticos, como testar a sua ideia antes de empacar.
Promessa: você vai aprender um fluxo de triagem executável em 72 horas, com entregáveis prontos para enviar a programas de pós e a orientadores, apoiado em orientações da CAPES e literatura metodológica [F1][F4]. Nas seções a seguir, há checklists, uma matriz de viabilidade, modelos de e‑mail e um exemplo autoral.
Em 40–60 palavras Reduza o risco: em 72 horas faça 1) um parágrafo que explicite a lacuna e anexe 3 referências; 2) uma matriz de viabilidade (tempo, acesso, custo, competências); 3) uma versão de 1 página calibrada ao PPG e um e‑mail curto para dois orientadores. Esses entregáveis evitam trabalho perdido e aumentam chance de seleção.
Perguntas que você provavelmente tem
- Vale a pena seguir com essa ideia agora?
- Como faço a triagem em 72 horas?
- O que deve conter a matriz de viabilidade?
- Como adaptar ao PPG ou candidatura no exterior?
- Quais erros comuns devo evitar?
- Como abordar orientadores sem que pareça amador?
1) Vale a pena seguir com essa ideia?
Conceito em 1 minuto
Avaliar se uma ideia merece seguir significa confrontá‑la com relevância (o que ela acrescenta), contribuição mensurável (outputs esperáveis) e viabilidade prática (prazos, acesso, custos, competências). Pense nesses três pontos como um filtro rápido antes do esforço de escrever.
O que os dados mostram [F4]
Estudos metodológicos indicam que aplicar critérios explícitos de viabilidade aumenta a probabilidade de execução e publicação [F4]. Na prática, com filtros simples você reduz rejeições por inadequação e evita riscos éticos e logísticos.
Checklist rápido para decidir agora
- Tem claramente uma lacuna identificada?
- Consegue listar 1 output mensurável (artigo, protótipo, política)?
- Acesso a dados/participantes já está confirmado ou é plausível em 6–12 meses?
Se responder não a duas dessas, replaneje o escopo.
essa triagem não resolve problemas de originalidade profunda. Se a lacuna for fraca, mude a pergunta de pesquisa ou troque o recorte teórico antes de avançar.

2) Como executar a triagem em 72 horas (passo a passo)
Conceito em 1 minuto
Organize três blocos: pesquisa relâmpago sobre a lacuna, preenchimento da matriz de viabilidade e ajuste ao programa. Cronometre sessões para evitar procrastinação.
Exemplo real na prática [F3]
Centros de seleção de PPGs orientam formatos curtos de pré‑projeto e pedem aderência à linha de pesquisa, por isso propor uma versão de 1 página e 3 referências recentes é muitas vezes suficiente para obter um retorno inicial de orientadores [F3].
Passo a passo aplicável (72 horas)
- Dia 1, 90 minutos: busca em Google Scholar e bases, escreva 1 parágrafo da lacuna + selecione 3 artigos recentes;
- Dia 2, 4–6 horas: preencha matriz de viabilidade (tempo, acesso, custo, competências); peça prova de acesso quando possível;
- Dia 3, 2 horas: alinhe a página ao edital/linhas do PPG e redija e‑mail de contato para 2 orientadores.
se você depende de autorizações éticas demoradas, o cronograma de 72 horas testa o conceito, mas não garante execução imediata; planeje etapas alternativas (estudo piloto secundário, uso de dados públicos).
3) Matriz de viabilidade: o que incluir e como avaliar
Conceito em 1 minuto
A matriz é uma tabela simples com linhas para: tempo (meses), acesso a dados/participantes (evidência), competências necessárias e custo estimado. Use critérios binários para acesso (OK / Replanejar).
O que os dados mostram [F1]
Orientações de agências e fichas técnicas de avaliação pedem clareza sobre impacto e viabilidade; documentos da CAPES ressaltam a necessidade de justificativa de recursos e prazo na avaliação de projetos [F1].

Modelo prático: matriz mínima (preencha em 20 minutos)
- Pergunta de pesquisa: 1 linha
- Objetivo principal: 1 linha
- Tempo total estimado: X meses
- Acesso a dados/participantes: OK (fonte/contato) ou Não (plano B)
- Competências necessárias: lista curta + plano para aquisição
- Custo estimado (R$) e fonte de financiamento possível
se o seu campo exige coleta de longo prazo intransferível, a matriz vai indicar alta dificuldade; neste caso, proponha um recorte que use dados secundários ou um estudo piloto.
4) Ajuste ao programa e candidaturas no exterior
Conceito em 1 minuto
Adequar linguagem e ênfase é vital: PPGs locais valorizam linha de pesquisa e impacto institucional; programas internacionais pedem hipótese clara, outputs e potencial de financiamento externo.
O que os guias de candidatura sugerem [F2][F7]
Documentos de área e guias de universidades mostram formatos e palavras‑chave que comissões valorizam; candidaturas fora do Brasil normalmente exigem uma síntese do projeto e demonstração de viabilidade com outputs claros [F2][F7].

Passo a passo para adaptar a 1 página
- Consulte linhas de pesquisa e publicações de orientadores
- Reescreva o parágrafo de lacuna usando termos do edital
- Adicione 1 frase sobre outputs esperados e 1 sobre viabilidade (matriz resumida)
adaptação só na forma, ignorando a substância, não funciona. Se o projeto não se alinha à linha de pesquisa, busque orientador com competência complementar ou mude o programa.
5) Erros comuns e como evitá‑los
Conceito em 1 minuto
Erros frequentes: ausência de prova de acesso, escopo excessivo, pouca clareza sobre outputs, falta de alinhamento com linha de pesquisa.
Exemplo de impacto negativo [F5]
Relatos de revisões mostram que propostas com objetivos vagos e sem justificativa de acesso tendem a ser rejeitadas por não demonstrarem viabilidade prática [F5].
Checklist prático para evitar os erros
- Inclua evidência de acesso (e‑mail, base pública, termo de cooperação)
- Simplifique objetivos até que sejam mensuráveis
- Mostre um output tangível esperado em 12–24 meses
em pesquisas exploratórias de alto risco, outputs previsíveis são difíceis; se for o caso, declare o caráter exploratório e proponha métricas de sucesso alternativas.

6) Como abordar orientadores sem parecer amador
Conceito em 1 minuto
Seja sucinta, direta e profissional: anexe a 1 página, mostre aderência à linha de pesquisa e peça um curto feedback ou reunião. Tempo deles é valioso, portanto facilite a leitura.
Exemplo autoral e modelo de abordagem
Quando eu orientei candidatas, o contato que funcionou veio com 5 frases: 1) introdução rápida, 2) problema que quero estudar, 3) por que o orientador é relevante, 4) prova de viabilidade (matriz resumida), 5) pedido claro (revisão de 10 minutos ou reunião). Isso gerou retorno em 48–72 horas na maioria dos casos.
Modelo de e‑mail de 5 frases (use ao contatar)
- Assunto: Interesse em orientação — pesquisa sobre [tema]
- Mensagem: 1 frase com formação e objetivo, 1 frase com lacuna e contribuição, 1 frase com 3 refs anexas, 1 frase com nota de viabilidade (tempo/acesso/custo), 1 frase pedindo 10 minutos ou feedback.
enviar apenas um rascunho longo sem foco costuma não resultar em resposta. Se não obtiver retorno, peça indicação a outro pesquisador da mesma área.
Como validamos
Revisamos documentos oficiais de avaliação e guias de candidatura [F1][F2], analisamos estudos metodológicos sobre viabilidade e execução [F4][F5] e comparamos modelos de proposta de universidades estrangeiras [F7][F8]. As recomendações aqui combinam evidência publicada com práticas de orientação testadas em programas brasileiros.
Conclusão rápida e CTA
Resumo: aplique o 3 passos — lacuna + 3 refs, matriz de viabilidade, 1 página alinhada ao PPG e e‑mail para orientadores — antes de redigir um pré‑projeto longo. Ação prática agora: abra um documento e execute o exercício de 72 horas. Recurso institucional útil: confira o documento de referência da CAPES ao calibrar justificativas de impacto.
FAQ
Quanto tempo leva montar a matriz?
Cerca de 1–2 horas se você já tem contatos ou bases. Insight: priorize evidência de acesso primeiro, isso decide seguir ou replanejar.
Preciso de 3 referências empíricas obrigatoriamente?
No mínimo 3 recentes ajudam a demonstrar lacuna; se sua área for muito nova, inclua revisões e documentos institucionais. Passo acionável: escolha uma revisão e duas pesquisas originais.
E se eu não encontrar orientador?
Peça feedback a dois pesquisadores, participe de seminários locais e ajuste a linguagem do projeto para ampliar a aderência. Uma abordagem pró‑ativa costuma abrir portas.
Posso usar dados públicos para contornar falta de acesso?
Sim, dados secundários são uma solução prática; indique limitações e proponha um módulo futuro de coleta primária.
Como mostro impacto social no pré‑projeto?
Relacione um output mensurável a um desfecho prático (política, produto, indicador) e cite documentos que valorizem esse impacto na área.
Elaborado pela Equipe da Dra. Nathalia Cavichiolli.
Dra. Nathalia Cavichiolli — PhD pela USP, com dois pós‑doutorados; MBA em Gestão e Docência; experiência internacional na The Ohio State University (EUA); revisora de periódicos científicos pela Springer Nature, com atuação em 37+ revistas, incluindo a Nature; especialista em escrita acadêmica há 15+ anos; pioneira no uso de IA para escrita científica no Brasil; 2.800+ alunos impactados no Brasil e em 15+ países.
Referências
- [F1] – https://www.gov.br/capes/pt-br/centrais-de-conteudo/documentos/avaliacao/19052025_20250502_DocumentoReferencial_FICHA.pdf
- [F4] – https://bmcmedresmethodol.biomedcentral.com/articles/10.1186/s12874-025-02468-7
- [F3] – https://ppgrn.ufms.br/selecao-2025-orientacoes-para-a-defesa-do-pre-projeto-para-candidatos-de-doutorado/
- [F2] – https://www.ufsm.br/app/uploads/sites/539/2025/05/Documento-de-Area-Capes-Quadrienio-2025-2028.pdf
- [F7] – https://postgraduate.study.cam.ac.uk/apply/how/research-proposal
- [F5] – https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S1472811724001319