A orientação autoritária corrói sua confiança e rede, e coloca em risco prazos, bolsas e sua saúde; isso pode atrasar defesas e até encerrar trajetórias acadêmicas. Este texto identifica sinais claros, riscos à saúde e carreira, e entrega passos práticos e acionáveis (por exemplo: redija um acordo em até 7 dias, documente interações e peça coorientação) para proteger sua trajetória.
Perguntas que vou responder
- O que exatamente é a arrogância do orientador e como identificá-la?
- De que forma isso afeta saúde mental e carreira?
- Onde isso acontece e por que as instituições permitem?
- Quais estratégias imediatas funcionam para proteger sua trajetória?
- Quando e como acionar mediação institucional ou denunciar?
- Quais erros comuns pioram a situação e como evitá-los?
O que é a “arrogância do orientador” na prática?
Conceito em 1 minuto
Arrogância do orientador refere-se a comportamentos de supervisão autoritária, como desqualificação pública, imposição de temas, microgestão, falta de feedback construtivo e gatekeeping sobre coautoria e oportunidades.
O que os estudos mostram [F1]
Pesquisas qualitativas e relatos de pós-graduandos mapeiam esses comportamentos em reuniões, bancas e decisões sobre bolsas, caracterizando-os como formas de abuso de poder na supervisão [F1].
Passo a passo para identificar e documentar
- Liste exemplos concretos de incidentes, locais e datas.
- Guarde e-mails, atas e registros de reunião.
- Resuma três episódios com impacto direto em prazos, autoria ou saúde. Se faltar prova documental, registre imediatamente e peça confirmação por e‑mail.
Como isso prejudica sua saúde mental, produtividade e carreira

Conceito rápido
Relacionamentos orientador–orientando conflituosos associam-se a ansiedade, depressão, atrasos na defesa e evasão; além disso, reduzem acesso a redes profissionais essenciais.
O que os dados mostram [F2] [F3]
Estudos nacionais apontam correlação entre supervisão autoritária e sofrimento psíquico de pós-graduandos, com relatos de evasão e perda de oportunidades acadêmicas [F2] [F3].
Checklist para preservar saúde e produtividade
- Priorize sono e acompanhamento psicológico, se possível via serviço universitário.
- Divida tarefas em blocos curtos e proteja prazos críticos por comunicação escrita.
- Busque coorientação ou mentoring externo para alternativas de rede.
Onde isso acontece e por que a concentração de poder persiste
Conceito institucional em 1 minuto

O poder do orientador é ampliado por práticas administrativas: indicação de banca, distribuição de bolsas e controle de coautorias. Normas existem, mas muitas não têm mecanismos de prevenção e mediação eficazes.
O que as normas e relatórios mostram [F4] [F5]
Guias institucionais descrevem prazos e responsabilidades, mas relatos e documentos internos mostram lacunas na prática de mediação, especialmente quando a autoridade é centralizada [F4] [F5].
Passos para agir na estrutura do PPG
- Verifique regimentos e prazos do seu PPG; salve cláusulas relevantes por escrito.
- Solicite coorientador formal quando possível.
- Se houver violação de prazos ou bloqueio de acesso a recursos, protocole comunicado na coordenação com cópias para pró-reitoria.
Estratégias individuais que funcionam hoje
A combinação de acordos por escrito, documentação e suporte de rede reduz dano imediato e protege sua carreira durante o processo de resolução.
Guias e boas práticas aplicáveis [F6] [F7]
Recursos internacionais sobre mentoring recomendam contratos de orientação claros, critérios de autoria definidos e treinamento para supervisores; essas ferramentas são adaptáveis ao contexto brasileiro [F6] [F7].
Modelo prático: cláusulas essenciais para um acordo de orientação

- Cronograma com marcos e prazos de entrega.
- Critérios de autoria e contribuições esperadas.
- Frequência e formato de encontros, e prazo para feedback escrito.
- Procedimento para incluir coorientador e escalonamento de conflitos.
Em um caso de acompanhamento, incluir cláusula de feedback escrito em 7 dias transformou reuniões tensas em entregas mensuráveis; o aluno recuperou prazos e conseguiu coautoria justa.
Quando e como pedir mediação, denunciar ou buscar reparação
Quando acionar instâncias institucionais
Acione quando houver padrão repetido de abuso, bloqueio sistemático de participação em projetos ou riscos à integridade pessoal e acadêmica.
O que orientações práticas e guias institucionais recomendam [F8]
Guias de mediação defendem canais seguros, registro formal de reclamações e procedimentos graduais: diálogo, mediação interna e investigação formal quando necessário [F8].
Passo a passo para um protocolo de acionamento
- Reúna documentação e cronologia dos eventos.
- Procure a coordenação do PPG e/ou ombuds, entregando cópias.
- Solicite medidas provisórias para proteger prazos e autoria, como coorientação temporária.
Erros comuns que pioram a situação e como evitá-los

Quais atitudes costumam agravar o problema
Esperar que tudo se resolva sozinho, responder apenas no calor do momento, manter tudo verbal e não criar redes de apoio são erros frequentes.
O que relatos e estudos indicam como consequências [F3]
Silêncio e isolamento amplificam sofrimento e risco de evasão; documentação e rede reduzem violência simbólica e institucional [F3].
Checklist prático para não piorar
- Não responda a críticas públicas no calor do momento; guarde registro e responda por e‑mail com tom factual.
- Formalize acordos por escrito desde o início do vínculo.
- Compartilhe sua situação com pelo menos dois colegas de confiança e um mentor.
Em situações de retaliação imediata, expor problemas publicamente pode ser perigoso; priorize segurança e busque orientação jurídica se houver risco de dano profissional ou pessoal.
Como validamos
Sintetizamos estudos empíricos, relatórios institucionais e guias de mentoring disponíveis na literatura brasileira e internacional, priorizando documentos aplicáveis ao contexto dos PPG. Reconhecemos a limitação terminológica: “arrogância” é operacionalizada por comportamentos de supervisão autoritária; a literatura direta sobre o termo é limitada [F1] [F3] [F6].
Conclusão, resumo e o que fazer agora
Redija e envie, em até 7 dias, um acordo de orientação contendo cronograma, critérios de autoria e formato de feedback; registre todas as comunicações e identifique um coorientador ou mentor de confiança. Se houver padrão de abuso, protocole reclamação na coordenação do PPG e peça medidas provisórias para proteger prazos e autoria.
Recurso institucional sugerido: consulte o regimento do seu PPG e o serviço de saúde mental da universidade para suporte imediato.
FAQ
Como saber se meu caso é abuso ou só conflito de personalidade?
Abuso tende a ser repetido, hierárquico e com prejuízo claro a prazos, autoria ou saúde; conflito de estilo é episódico e não bloqueia oportunidades. Documente episódios e busque avaliação com coordenação ou serviço de apoio; peça coorientação como primeira medida.
Posso pedir troca de orientador sem risco de retaliação?
Sim, é possível pedir troca, mas há risco relativo dependendo do contexto institucional; preparar documentação e justificativa profissional reduz riscos. Procure apoios antes de formalizar para reduzir riscos de retaliação.
O que escrever primeiro em um acordo de orientação?
Comece por marcos e prazos, critérios de autoria e prazos para retorno de feedback escrito; esses itens tornam o acordo operacional e mensurável. Envie por e‑mail e peça confirmação por escrito como próximo passo.
E se a coordenação não fizer nada?
Se a coordenação omitir-se, amplie a rede: ombuds, associações de pós, apoio jurídico e redes externas; documente a omissão. Documente e leve o caso a canais superiores ou apoio externo como próximo passo.
Como proteger minha saúde mental enquanto resolvo isso?
Marque atendimento no serviço de saúde mental da universidade, mantenha rotinas de sono e exercícios curtos, e busque grupos de suporte entre colegas; essas ações reduzem risco de desgaste. Agende atendimento institucional e mantenha rotina de autocuidado como próximo passo.
Elaborado pela Equipe da Dra. Nathalia Cavichiolli.
Dra. Nathalia Cavichiolli — PhD pela USP, com dois pós-doutorados; MBA em Gestão e Docência; experiência internacional na The Ohio State University (EUA); revisora de periódicos científicos pela Springer Nature, com atuação em 37+ revistas, incluindo a Nature; especialista em escrita acadêmica há 15+ anos; pioneira no uso de IA para escrita científica no Brasil; 2.800+ alunos impactados no Brasil e em 15+ países.
Para métodos de organização e produção de texto, veja também escrita científica.
Referências
- [F1] – https://ojs.revistacontemporanea.com/ojs/index.php/home/article/download/6595/4716/19081
- [F2] – https://ojs.revistadelos.com/ojs/index.php/delos/article/download/3909/2337/9234
- [F3] – https://repositorio.ufal.br/bitstream/123456789/14702/1/Desafios%20academ%C3%AAmicos%2C%20sofrimento%20ps%C3%ADquico%20e%20estrat%C3%A9gias%20para%20promo%C3%A7%C3%A3o%20da%20sa%C3%BAde%20mental%20de%20p%C3%B3s-graduandos%20brasileiros.pdf
- [F4] – https://ppg.feq.unicamp.br/vida-academica/processos-iniciais/orientacao-de-tese-e-dissertacao/
- [F5] – https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8134/tde-24072025-123345/publico/2025_FelipePaesPiva_VCor.pdf
- [F6] – https://cgsnet.org/data-insights/graduate-professional-development/mentoring-resources/for-mentors
- [F7] – https://facultydevelopment.cornell.edu/faculty-development/mentorship/best-practices-in-faculty-mentoring/
- [F8] – https://www.cnmp.mp.br/portal/images/stories/Comissoes/CSCCEAP/Di%C3%A1logos_e_Media%C3%A7%C3%A3o_de_Conflitos_nas_Escolas_-_Guia_Pr%C3%A1tico_para_Educadores.pdf
Atualizado em 24/09/2025