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  • Pré-projeto sem violar a ABNT: guia prático e ético (com IA do jeito certo)

    Você quer um pré-projeto sem violar a ABNT e sem esbarrar nas políticas editoriais. Dá para usar IA, sim. Mas com método, fontes reais e transparência. Neste guia, você vai ver estrutura obrigatória, pipeline autoral, checklists e como provar sua autoria mesmo quando alguém cita “detector de IA”.

    O que as normas pedem (e por que isso importa)

    Para pré-projetos e projetos de pesquisa, a referência é a ABNT NBR 15287, que define elementos, formato e apresentação. Para teses, dissertações e trabalhos acadêmicos em geral, use também a ABNT NBR 14724, atualizada em 16/12/2024. Leia o edital do seu programa e alinhe tudo a essas normas.

    Dica: algumas instituições publicam guias locais baseados na ABNT. Siga a versão que o programa exigir.

    2) Use IA com fontes reais (e rastreáveis)

    Ferramentas como o NotebookLM ajudam quando você sobe seus PDFs (artigos, editais, regulamentos) e recebe respostas ancoradas nas suas fontes, com citações e trechos exatos. Assim, você reduz “alucinações” e consegue conferir tudo. Google NotebookLM

    Evite pedir “artigos acadêmicos” às cegas a qualquer LLM. Prefira trabalhar a partir dos PDFs que você selecionou.

    3) Rastreabilidade da autoria

    Escreva no Google Docs e salve versões. Se houver questionamento, você mostra o histórico de edições (quem escreveu o quê e quando). É uma prova forte de autoria.

    4) IA como copiloto, não ghostwriter

    Peça à IA resumos de PDFs, reformulações e checklists com base no edital e nas normas. Depois, revise criticamente e cite corretamente. Use-a para testar hipóteses, gerar exemplos e identificar lacunas, mas o texto final é seu.

    Estrutura obrigatória do pré-projeto sem violar a ABNT

    A NBR 15287 orienta a apresentação de projetos de pesquisa. Adapte os itens ao seu edital.

    1. Título e palavras-chave.
    2. Problema de pesquisa: o que não sabemos? Por quê importa?
    3. Objetivo geral + objetivos específicos (mensuráveis).
    4. Justificativa: relevância científica, social e/ou aplicada.
    5. Referencial teórico inicial: 5–10 autores centrais, critérios de seleção.
    6. Metodologia: abordagem, métodos, procedimentos, corpus/amostra, instrumentos, análise, limitações, ética.
    7. Cronograma (Gantt simples) e recursos necessários.
    8. Resultados esperados e contribuições.
    9. Referências conforme NBR 14724 (formatação geral de trabalhos).

    Regra de ouro: siga o edital. Se o programa pedir seções adicionais (ex.: aderência à linha, orçamento), inclua.

    Como evitar “alucinações” e citações duvidosas

    • Selecione artigos em bases confiáveis e faça upload no seu espaço de trabalho (NotebookLM, por exemplo). As respostas vêm com citação do trecho, o que facilita a validação.
    • Conferir é obrigatório. Não aceite referência sem DOI, sem periódico, ou com link quebrado.
    • Padronize referências na NBR 14724 (edição 2024). Muitos programas atualizam rapidamente seus guias após mudanças na norma.

    Políticas editoriais e uso ético de IA

    IA não é autora. Seja transparente: descreva como você usou as ferramentas (ex.: “resumos de PDFs X e Y; checklist do edital; revisão de clareza”). Várias diretrizes editoriais recomendam divulgação do uso de IA e responsabilidade integral do autor.

    Mas e “detector de IA”?

    Detectores ainda são pouco confiáveis e podem gerar falsos positivos, inclusive contra falantes não nativos. Prefira evidências objetivas: histórico de versões, fontes carregadas, anotações de leitura.

    Exemplo de cronograma (modelo simples em 6 meses)

    MêsEntrega principalEvidência de autoria
    1Mapa do problema e objetivosVersões no Docs + notas de leitura
    2Revisão teórica inicialPDFs no workspace + highlights
    3Desenho metodológicoDiário de decisões + versionamento
    4Piloto/Pré-testeTabela de instrumentos + ajustes
    5Cronograma final e orçamentoPlanilha comentada
    6Revisão ABNT + submissãoChecklist do edital + referências 2024

    Checklist final antes de enviar

    Normas e edital

    • Estrutura cobre NBR 15287; formatação geral na NBR 14724:2024.
    • Itens extras do edital incluídos fielmente.

    Autoria e ética

    • Histórico de versões salvo (Docs).
    • Declaração de uso de IA (como e onde ajudou). publicationethics.org
    • Referências conferidas nos PDFs originais.

    Qualidade

    • Objetivos específicos mensuráveis.
    • Metodologia replicável e viável.
    • Cronograma realista e recursos mapeados.
    • Coesão e clareza (frases curtas, voz ativa).

    FAQ rápido

    Posso usar IA para escrever o texto todo?
    Não é recomendável. Use IA como apoio (resumos, organização, checklist). Você responde pelo conteúdo.

    NotebookLM serve para isso?
    Sim, ele ancora as respostas nas suas fontes e mostra as citações. Ainda assim, verifique tudo.

    Preciso seguir a NBR 14724 mesmo sendo pré-projeto?
    Use a NBR 15287 para o projeto e a NBR 14724 para diretrizes gerais de apresentação e referências. Veja o que o edital pede.

    Detectors de IA valem como prova?
    Não. Há erros frequentes. Prefira evidências como versionamento e fontes.

    Conclusão e próximos passos

    Um pré-projeto sem violar a ABNT nasce de domínio das regras, pipeline autoral e uso ético de IA. Comece pelo edital, suba PDFs confiáveis, escreva em versões e descreva como a IA ajudou. Assim, você ganha clareza, rastreabilidade e confiança para a banca.

    CTA: salve este guia, copie o checklist para o seu Docs e crie hoje seu workspace com PDFs do edital e dos artigos-chave.

    Recursos externos (para consulta)

  • 3 Ganhos imediatos ao usar inteligência artificial no seu pré projeto acadêmico

    Falar sobre os riscos do uso de inteligência artificial em trabalhos acadêmicos é necessário, mas hoje o foco é o outro lado da moeda. Os benefícios reais e imediatos de integrar a IA ao seu processo de escrita, especialmente na fase do pré projeto.

    Se você está começando um mestrado ou doutorado, sabe que a etapa inicial exige muito esforço: definir tema, delimitar o problema, revisar a literatura, montar a metodologia. A IA pode ser uma aliada poderosa nesse caminho. Vamos aos três principais ganhos.

    Agilidade: Do Papel em Branco ao Texto Inicial

    Quem já escreveu à mão conhece o ciclo de errar, apagar e recomeçar. Depois vieram o computador, os editores e os corretores automáticos. Agora vivemos uma nova era, com IA generativa que escreve com você.

    Isso não significa deixar de pensar. Significa começar com uma base. Um parágrafo já estruturado, uma introdução provisória, uma bibliografia comentada. Tudo pode ser gerado rapidamente e servir como ponto de partida. O que levaria horas vira minutos, e você dedica mais tempo à análise, à lapidação e ao aprofundamento. A IA reduz drasticamente o tempo até que você tenha um rascunho consistente.

    Além disso, em vez de ficar paralisado no início, você já tem um texto bruto para refinar. É o fim da folha em branco.

    2. Rastreabilidade: Registro das Suas Decisões

    Um diferencial pouco lembrado do uso de IA é a possibilidade de rastrear decisões acadêmicas. Por que você escolheu determinada fonte e excluiu outra. O que levou você a definir tal método. Com IA, essas escolhas ganham histórico.

    Você pode guardar versões, justificar mudanças e comparar sugestões. Isso sustenta o seu senso crítico, sobretudo se você conhece bem o processo de escrita. O resultado é transparência, qualidade valorizada por qualquer banca.

    Quem tem olhar crítico apurado julga melhor o que é útil e o que não é. A IA oferece volume e opções, mas a curadoria final é sua.

    3. Clareza e Conformidade: Texto Mais Limpo, Menos Retrabalho

    Escrever academicamente em português ou inglês não é simples. Regras gramaticais, ortografia, coesão, coerência e norma culta pesam, especialmente quando a cabeça está no conteúdo e não na forma.

    A IA alivia essa carga técnica. Revisa ortografia, sugere melhorias de clareza e corrige construções improdutivas. Para quem escreve em inglês, a ajuda é ainda maior, reduzindo dúvidas comuns de quem não é nativo.

    Com isso, você ganha conformidade com normas acadêmicas e reduz o retrabalho. Acabou o tempo de corretivo e folhas rasgadas. A IA corrige, sugere e melhora sem drama.

    O Que Dizem as Diretrizes Internacionais?

    Claro, tudo isso é ótimo desde que feito com responsabilidade. Existem diretrizes internacionais que orientam o uso ético da IA em ambientes acadêmicos e é importante conhecê-las.

    Um dos principais órgãos nesse debate é o COPE, Committee on Publication Ethics. Esse comitê, reconhecido por revistas como Nature e Science, já deixou claro que o uso da IA não é proibido. Porém, existem três orientações centrais:

    1. Revisores têm mais restrições

    Se você atua como revisor de artigos científicos, o uso da IA é limitado. Isso por questões de privacidade, vazamento de dados e responsabilidade ética. O conteúdo avaliado não deve ser inserido em ferramentas automatizadas.

    2. A IA não é autora

    Pode parecer óbvio, mas já houve casos de artigos que listaram o ChatGPT como coautor. Isso é inaceitável. A IA é ferramenta, não pessoa. Quem responde pelo conteúdo é o autor humano. Você. Sempre.

    3. Transparência é obrigatória

    Se você usou IA em qualquer parte do texto, seja para sugerir referências, montar a estrutura ou revisar gramática, precisa dizer isso claramente. Muitas revistas já têm campos específicos para declarar o uso de IA. Mesmo que seu pré-projeto ainda não exija isso formalmente, é importante internalizar essa postura ética desde já.

    E Se Alguém Usar Detector de IA no Seu Texto?

    Aqui vem um ponto sensível: os detectores de IA ainda são pouco confiáveis. Você pode passar um texto 100 por cento autoral em um detector e ele marcar como parcialmente gerado por IA. Isso já aconteceu, até com textos publicados antes da popularização das ferramentas generativas.

    Ou seja, não dá para confiar cegamente nesses detectores. Se você usou IA da forma correta, como apoio, com responsabilidade e rastreabilidade, você tem argumentos sólidos para justificar seu processo, mesmo diante de suspeitas ou questionamentos.

    IA: Ferramenta, Não Atalho

    No fim das contas, a IA é como qualquer outra tecnologia que já revolucionou a escrita, da caneta à máquina de escrever, do Word aos corretores automáticos. O diferencial está em como você usa.

    Usar IA não é trapacear, desde que você saiba o que está fazendo, tenha critérios, revise o conteúdo, valide fontes e seja transparente.

    O problema começa quando você entrega a responsabilidade toda à IA e depois tenta se isentar. Lembre-se: você é o autor. A responsabilidade é sua.

    Antes de Usar, Leia o Edital

    Cada programa acadêmico pode ter suas próprias regras quanto ao uso da IA. Alguns permitem, outros restringem, alguns nem mencionam. Por isso, leia o edital com atenção.

    Se o edital não proibir, você pode usar. Mas use direito.

    Conclusão

    A IA não veio para substituir o pesquisador, mas para transformar o processo. E já transformou. Hoje, com ela, você ganha:

    • Agilidade na produção textual
    • Clareza e correção linguística
    • Capacidade de rastrear decisões e justificar escolhas
    • Redução drástica de retrabalho
    • Um novo patamar de produtividade com ética e transparência

    Use com consciência. Use com critério. E principalmente, use como apoio e não como muleta. Porque no final, o texto é seu. A pesquisa é sua. E a banca quer ouvir você, com ou sem IA.