Universidades enfrentam um aumento rápido no uso de ferramentas de IA em trabalhos e avaliações, o que cria risco real de prejuízo à integridade, vieses e vazamento de dados; sem regras claras, essas falhas podem levar a perda de bolsas, processos e danos reputacionais. Este guia mostra o que implementar, em que ordem e prazos práticos, com um plano executável em 3–6 meses. Ao final terá checklists acionáveis, testes e um cronograma para reduzir risco e aumentar rastreabilidade.
Prova: diretrizes institucionais e guias recentes mostram medidas possíveis e etapas iniciais para governança e logs de uso de IAG [F3]. Preview: primeiro um resumo objetivo, depois 6 perguntas-chave respondidas com evidência, checklists acionáveis e um plano de 3–6 meses.
Para implementar IA responsável em contexto acadêmico, adote políticas claras que exijam declaração de uso, registre prompts e versões (humano no loop), promova testes de stress e ajuste avaliações para reduzir incentivos ao uso indevido. Combine ferramentas com revisão humana e capacitação obrigatória para docentes e estudantes.
Perguntas que vou responder
- O que é IA aplicada à escrita acadêmica e por que importa?
- Quais são os riscos mais urgentes para a integridade acadêmica?
- Como criar políticas institucionais práticas e aceitáveis?
- Como operacionalizar supervisão, logs e auditoria técnica?
- Como redesenhar avaliações para diminuir incentivos ao uso indevido?
- Quais ferramentas, contratos e treinamentos são essenciais?

O que é IA aplicada à escrita acadêmica e por que importa?
Conceito em 1 minuto
IA aplicada à escrita acadêmica inclui LLMs, assistentes de reformulação, sistemas de estilização e detectores de conteúdo gerado por IA; o foco prático é manter humano no loop, versionar documentos e ter critérios claros de autoria.
O que os documentos institucionais e guias mostram [F3]
Diretrizes recentes definem categorias de uso aceitável, exigência de declaração e recomendações de armazenamento de logs. Esses documentos enfatizam transparência como primeiro pilar para confiança institucional [F3].
Checklist rápido para unidades acadêmicas
- Defina o que conta como “uso de IA” em 3 frases.
- Exija declaração de uso em submissões e orientações de tese.
- Padronize campos de metadata em plataformas (autoria, ferramentas, versão).
- Não liste apenas proibições vagas; ofereça orientações de declaração e apelação.
Quais são os riscos mais urgentes para a integridade acadêmica?
Risco explicado em 1 minuto
Riscos incluem plágio assistido por IA, vieses que penalizam variedades linguísticas não padronizadas, falsos positivos de detectores e vazamento de dados sensíveis em prompts; consequências vão de nota perdida a processos legais e danos reputacionais.
O que os estudos e revisões alertam [F1] [F5]
Revisões acadêmicas mostram aumento de incidentes e limitações nos detectores, com taxas não desprezíveis de falso positivo que podem prejudicar estudantes. Estudos também apontam vieses linguísticos e problemas de equidade na avaliação [F1] [F5].
Mapa de risco e mitigação imediata
- Identifique dados sensíveis que nunca podem ser enviados a ferramentas externas.
- Proíba pastas ou prompts com informações pessoais ou de terceiros.
- Combine detector com revisão humana e direito de apelação.
- Use detectores como gatilho para revisão, não como veredito final.
Como criar políticas institucionais práticas e aceitáveis?
Conceito em 1 minuto
Política institucional define uso permitido, exigências de declaração, responsabilidade por autoria e sanções; deve ser curta, clara e construída com participação de estudantes, docentes e jurídico.
Exemplos e recomendações institucionais [F3] [F7]
Guias de universidades brasileiras apresentam modelos de declaração de uso, recomendações contratuais com fornecedores e cronogramas para implementação; a participação de pró-reitorias e comitês de ética é central [F3] [F7].
Passo a passo para uma norma em 3 meses
- Mês 1: formar grupo com representantes de docentes, pós-graduação, jurídico e estudantes.
- Mês 2: aprovar versão beta com campos de declaração e fluxo de apelação.
- Mês 3: comunicar, treinar e publicar em repositório institucional.
Onde não funciona: criar políticas sem ouvir estudantes gera resistência e baixa adesão.

Como operacionalizar supervisão, logs e auditoria técnica?
Conceito em 1 minuto
Supervisão mantém humano no loop em decisões críticas; logs registram prompts, versões e metadados para auditoria e reprodutibilidade; auditoria técnica exige acesso controlado a versões e possibilidade de reproduzir o processo.
Exemplo prático de teste e auditoria [F6]
Simulações controladas e red-teaming ajudam a descobrir falhas e pontos de vazamento; estudos de simulação mostram como cenários montados revelam limites dos detectores e erros de privacidade [F6].
Modelo de registro de prompt (exemplo autoral)
- Campo 1: data e hora da interação.
- Campo 2: ferramenta usada (nome e versão).
- Campo 3: prompt bruto e versão do texto antes/depois.
- Campo 4: responsável humano e justificativa de uso.
Implementação rápida: adaptar formulário em plataforma de submissão. Onde não funciona: exigir logs detalhados sem garantir privacidade; registre metadados essenciais, não dados sensíveis.
Como redesenhar avaliações para diminuir incentivos ao uso indevido?
Conceito em 1 minuto
Avaliações resilientes privilegiam tarefas autênticas: apresentações orais, portfólios, projetos aplicados e reflexões que mostrem processo além do produto final.
O que a literatura recomenda e exemplos [F6] [F4]
Relatos de alteração de rubricas e uso de avaliações orais mostram redução do uso indevido e melhor avaliação de competência prática; guias institucionais detalham rubricas alternativas que valorizam processo e transparência [F6] [F4].
Rubrica adaptada em 5 critérios (prática)
- Clareza do problema e justificativa do método.
- Evidência de processo: rascunhos e registros.
- Originalidade e reflexão crítica.
- Aplicação prática ou estudo de caso.
- Declaração de ferramentas de apoio utilizadas.
Onde não funciona: substituir toda a prova escrita por avaliações abertas sem recursos pode aumentar carga para avaliadores; ajuste progressivamente.

Quais ferramentas, contratos e treinamentos são essenciais?
Conceito em 1 minuto
Combinação de ferramentas técnicas (detectors com apelação humana), contratos que exigem auditabilidade e treinamento obrigatório para docentes e estudantes forma a base operacional.
O que guias e análises comparativas sugerem [F2] [F8]
Análises comparativas de ferramentas indicam diferenças de performance e requisitos de privacidade; contratos com provedores devem incluir cláusulas de não aproveitamento de dados e possibilidade de auditoria técnica [F2] [F8].
Fluxo de implementação em 4 passos
- Escolha 1 ferramenta de detecção para triagem, com política de apelação humana.
- Defina cláusulas mínimas em contratos: privacidade, retenção de dados e auditoria.
- Implante treinamento obrigatório em 2 horas para docentes e 1 hora para estudantes.
- Monitore métricas trimestrais: número de apelações, falsos positivos e incidentes de vazamento.
Limite: contratos padrão de alguns fornecedores não garantem auditabilidade; priorize fornecedores com SLA e cláusulas explícitas.
Onde isso não resolve tudo: algumas áreas exigem avaliação humana especializada, por exemplo avaliações qualitativas de criatividade ou ética; complemente com comissões de revisão humana e garantia legal quando necessário.
Como validamos: cruzamos guias institucionais nacionais, revisões acadêmicas e estudos de simulação, além de exemplos práticos testados em cursos experimentais; priorizamos medidas de baixo custo e alto impacto em confiança.

Conclusão e próximos passos
Resumo: adote o pacote mínimo imediato — políticas com declaração obrigatória, logs essenciais e supervisão humana, testes contínuos e redesign de avaliações, além de capacitação e cláusulas contratuais. Ação prática agora: crie um grupo de trabalho de 5 pessoas e redija uma política beta em 3 meses.
Recurso institucional recomendado: consulte as orientações da pró-reitoria e o serviço de integridade institucional para apoio legal e técnico.
FAQ
Preciso proibir totalmente o uso de IAG nas minhas submissões?
Tese: Não é necessário proibir completamente o uso de IAG. Proibir pode empurrar o uso para fora do controle institucional; exigir declaração e registro permite gestão e transparência. Próximo passo: defina uma política que exija declaração obrigatória e um fluxo de apelação clara para casos duvidosos.
Detectores são confiáveis para punir um estudante?
Tese: Não; detectores têm taxas de falso positivo que os tornam inadequados como base exclusiva para sanção. Use-os como sinalizador e garanta revisão humana e análise contextual. Próximo passo: estabeleça um procedimento de apelação com revisão humana antes de qualquer sanção.
Quanto tempo leva implementar uma política básica?
Tese: Com prioridade, a política básica pode ser aprovada em 3 meses, com integração técnica em 6–12 meses. Planejamento e comunicação são essenciais para adesão. Próximo passo: monte um cronograma com entregáveis mensais e indicadores de adoção.
Como eu, como orientadora, documento o uso de IA pelo orientado?
Tese: Solicite registros de rascunhos e um campo de declaração no repositório da tese com data, ferramenta e justificativa para garantir rastreabilidade. Esse registro reduz ambiguidades sobre autoria e suporte. Próximo passo: padronize um formulário de submissão com campos obrigatórios de metadata.
E se o fornecedor se recusar a entregar logs de treinamento?
Tese: Negociação é necessária; fornecedores devem oferecer evidência mínima e retenção de logs relevantes. Se não for possível exigir auditoria, prefira outro fornecedor. Próximo passo: inclua cláusulas mínimas de privacidade, retenção e auditoria nos RFPs e contratos.
Referências
- [F3] – https://prpg.unicamp.br/wp-content/uploads/sites/10/2025/01/livro-diretrizes-ia-1.pdf
- [F1] – https://pmc.ncbi.nlm.nih.gov/articles/PMC11224801/
- [F5] – https://www.mdpi.com/2227-7102/15/10/1322
- [F7] – https://ses.sp.bvs.br/periodicossp/wp-content/uploads/2024/08/Uso-Etico-da-Inteligencia-Artificial-em-Periodicos-Cientificos.pptx-2.pdf
- [F2] – https://pmc.ncbi.nlm.nih.gov/articles/PMC12007126/
- [F6] – https://advancesinsimulation.biomedcentral.com/articles/10.1186/s41077-025-00362-2
- [F4] – https://www.ufba.br/sites/portal.ufba.br/files/guia_para_uso_etico_e_responsavel_da_inteligencia_artificial_generativa_na_universidade_federal_da_bahia.pdf
- [F8] – https://www.researchgate.net/publication/383045799_Inteligencia_Artificial_na_Escrita_Academica_Uma_Analise_Comparativa_de_Ferramentas_para_Qualificacao_de_Textos_Cientificos
Elaborado pela Equipe da Dra. Nathalia Cavichiolli.
Dra. Nathalia Cavichiolli — PhD pela USP, com dois pós-doutorados; MBA em Gestão e Docência; experiência internacional na The Ohio State University (EUA); revisora de periódicos científicos pela Springer Nature, com atuação em 37+ revistas, incluindo a Nature; especialista em escrita acadêmica há 15+ anos; pioneira no uso de IA para escrita científica no Brasil; 2.800+ alunos impactados no Brasil e em 15+ países.
Atualizado em 24/09/2025