Muitas pesquisadoras sentem que convicções religiosas ou filosóficas não cabem no protocolo e isso pode comprometer a credibilidade, atrasar prazos ou até causar perda de bolsa. O objetivo aqui é mostrar, em passos práticos, como articular posicionamento de fé com métodos científicos e manter padrão de validação institucional. Em uma regra prática de 3 passos você terá medidas concretas para pré-registro, salvaguardas éticas e modelos de parceria que reduzem risco institucional em 4–12 semanas.
Pesquisa direta: integre fé e ciência declarando seu posicionamento epistemológico, aplicando desenho reprodutível e salvaguardas éticas, envolvendo parceiros faith-based via acordos formais; isso preserva rigor e aumenta alcance social quando feito com governança e revisão por pares [F1] [F3].
Perguntas que vou responder
- Vale a pena integrar fé e ciência no mestrado?
- Como declarar meu posicionamento sem ser desqualificada?
- Quais salvaguardas éticas e regulatórias aplicar?
- Como formalizar parcerias com organizações religiosas?
- Como garantir rigor metodológico e publicar os resultados?
- Onde buscar financiamento e apoio institucional?
Vale a pena integrar fé e ciência no mestrado?
Conceito em 1 minuto
Integrar fé e ciência significa distinguir crenças pessoais de procedimentos empíricos e projetar estudos que permitam testar hipóteses, colecionar dados reprodutíveis e relatar posicionamentos. Para quem faz mestrado, o ganho é maior validade externa e acesso a comunidades chave.
O que os dados mostram [F3]
Organizações faith-based frequentemente ampliam alcance de programas de saúde e educação, e a literatura aponta maior adesão quando comunidades são coautoras do processo. Isso não é unanimidade, mas indica vantagem prática para estudos de impacto e tradução de resultados [F3].
Checklist rápido para decidir se vale a pena
- Liste benefícios esperados para a pesquisa e para a comunidade parceira.
- Identifique riscos éticos e planos para mitigá-los.
- Verifique se o objetivo do estudo exige acesso a redes religiosas.
Contraexemplo e o que fazer: se sua hipótese é estritamente laboratorial e não depende de contexto social, integrar fé traz custos sem benefício; nesse caso foque em controles experimentais e deixe parcerias para estudos de extensão.

Mostra como estruturar um parágrafo claro de posicionamento no protocolo
Como declarar meu posicionamento sem ser desqualificada?
Conceito em 1 minuto
Declaração de posicionamento epistemológico é um parágrafo no protocolo e no manuscrito explicando suas convicções, sua influência potencial e as estratégias para manter rigor metodológico.
Exemplo real na prática
Em um projeto que orientou a equipe, descreveu-se o posicionamento, pré-registraram-se perguntas e adotou-se análise às cegas para reduzir viés. A transparência melhorou a aceitação em banca e CEP, e facilitou diálogo com a comunidade parceira.
Passo a passo para a declaração
- Explique brevemente seu posicionamento e reconheça possíveis vieses.
- Liste medidas de controle, por exemplo, pré-registro e triangulação de métodos.
- Insira cláusula de revisão independente e papel do orientador.
Contraexemplo e o que fazer: não escreva uma declaração vaga. Se não tiver medidas concretas, adie coleta até implementar protocolos de controle; o CEP costuma pedir correções.

Ilustra documentos e checklists usados na submissão ao CEP/CONEP
Quais salvaguardas éticas e regulatórias aplicar?
Conceito em 1 minuto
Salvaguardas incluem consentimento informado contextualizado, proteção contra exploração de líderes religiosos, plano de confidencialidade e supervisão por CEP/CONEP.
O que as normas exigem [F1]
Protocolos com população religiosa devem detalhar riscos sociais e procedimentais, e apresentar mecanismos de governança participativa. Submissão ao CEP/CONEP é obrigatória conforme diretrizes brasileiras [F1].
Checklist para CEP/CONEP antes da coleta
- Descrição de posicionamento e potenciais vieses.
- Termos de consentimento individuais e comunitários.
- Plano de mitigação de risco social e de estigma.
- Mecanismos de devolução dos resultados para a comunidade.
Contraexemplo e o que fazer: se o projeto expõe participantes a risco de perseguição religiosa, considere métodos indiretos ou abortar o projeto; priorize segurança e, se necessário, mude o foco para dados agregados.
Como formalizar parcerias com organizações religiosas?
Conceito em 1 minuto
Parcerias formais exigem memorandos de entendimento, cláusulas sobre propriedade de dados, benefícios compartilhados e consentimento comunitário que complementa o consentimento individual.
O que os exemplos práticos mostram [F3] [F6]
Projetos em saúde pública que trabalharam com instituições religiosas reportam melhor adesão quando havia acordos claros e líderes como coautores de planos de divulgação. Universidades com coordenadorias de extensão facilitam essa ponte [F6] [F3].
Modelo de passos para um Memorando de Entendimento

Exibe a assinatura e elementos essenciais de um MOU para formalizar parcerias
- Defina objetivos mútuos e responsabilidades.
- Estabeleça cláusulas de confidencialidade, uso de dados e benefícios.
- Determine canais de comunicação e plano de devolução de resultados.
Contraexemplo e o que fazer: evitar acordos verbais. Se parceria for apenas verbal, escreva um MOU antes da coleta; sem isso, riscos legais e éticos crescem.
Como garantir rigor metodológico e publicar os resultados?
Conceito em 1 minuto
Rigor passa por hipóteses claras, desenho reprodutível, triangulação e revisão por pares interdisciplinares. Pré-registro e transparência de dados aumentam credibilidade.
Onde publicar e o que os periódicos procuram [F4] [F5]
Periódicos de acesso aberto e revistas disciplinares valorizam métodos claros, limitações transparentes e revisão por pares que inclua especialistas em ética e ciências sociais. Submissões com protocolo pré-registrado são mais bem recebidas [F4] [F5].
Checklist rápido para manuscrito e pré-registro
- Inclua declaração de posicionamento e medidas de controle.
- Faça pré-registro quando possível e compartilhe materiais e códigos.
- Peça revisão interdisciplinar antes da submissão.
Contraexemplo e o que fazer: se o estudo depende de relatos sensíveis sem proteção adequada, adie a publicação até garantir anonimização e consentimento robusto.

Indica materiais e passos práticos para montar proposta e obter apoio institucional
Onde buscar financiamento e apoio institucional?
Conceito em 1 minuto
Agências públicas e programas universitários financiam estudos que combinam relevância social, método rigoroso e governança participativa. Justifique impacto e mitigação de riscos.
O que agências valorizam [F2]
Agências como CAPES priorizam mérito acadêmico e formação, e apreciam projetos de extensão que envolvam comunidades. Propostas claras sobre ética e impacto têm mais chance de sucesso [F2].
Passo a passo para proposta de financiamento
- Explique a relevância social e o desenho metodológico rigoroso.
- Inclua plano de governança participativa e orçamento para atividades de engajamento.
- Anexe cartas de apoio das organizações parceiras.
Contraexemplo e o que fazer: não omita custos de engajamento comunitário. Se orçamento for insuficiente, reduza escopo e peça bolsas de iniciação científica ou extensão.
Como validamos
Foram consultadas diretrizes da CONEP/CEP e orientações sobre parcerias faith-based, além de recomendações de agências de fomento e periódicos de acesso aberto. Também foram considerados exemplos institucionais de universidades brasileiras para mapear práticas. Observação: a busca automatizada falhou; recomenda-se atualização das fontes nos últimos 12 meses antes da submissão.
Conclusão e próximos passos
Resumo prático: declare seu posicionamento, pré-registre quando possível, submeta ao CEP/CONEP com plano de salvaguardas e formalize parcerias com MOU. Ação imediata: escreva um parágrafo de posicionamento para inserir no seu projeto até a próxima semana.
FAQ
Posso usar religiosas como coautoras de pesquisa?
Sim: contribuições substanciais em desenho, coleta ou interpretação justificam autoria. Se contribuírem para desenho, coleta ou interpretação, inclua-as como coautoras. Um passo acionável é formalizar papéis no MOU antes da coleta.
Preciso pré-registrar um estudo qualitativo?
Registrar objetivos aumenta transparência mesmo em qualitativo. Pré-registro é menos comum em qualitativo, mas registrar objetivos e estratégias de análise aumenta transparência; use registro institucional ou repositórios quando possível. Próximo passo: registre objetivos e planos de análise no repositório institucional antes da coleta.
Como provar que minha fé não contaminou os resultados?
Transparência e triangulação geram confiança. Transparência na declaração de posicionamento, triangulação de métodos e revisão independente são evidências práticas; inclua um revisor externo no protocolo. Ação recomendada: nomeie um revisor externo e registre isso no protocolo.
O CEP pode rejeitar por causa de parceria religiosa?
Sim, se riscos não estiverem mitigados. Ajuste o protocolo, fortaleça consentimento e apresente MOU que comprove governança participativa. Passo prático: revise o protocolo conforme o parecer do CEP antes de reapresentar.
Onde encontro modelos de MOU e consentimento comunitário?
Assessorias institucionais costumam ter templates adaptáveis. Peça à assessoria de extensão ou à coordenação de ética da sua universidade; muitas instituições têm templates adaptáveis. Próxima ação: solicite modelos à assessoria de extensão da sua instituição.
Elaborado pela Equipe da Dra. Nathalia Cavichiolli.
Dra. Nathalia Cavichiolli — PhD pela USP, com dois pós-doutorados; MBA em Gestão e Docência; experiência internacional na The Ohio State University (EUA); revisora de periódicos científicos pela Springer Nature, com atuação em 37+ revistas, incluindo a Nature; especialista em escrita acadêmica há 15+ anos; pioneira no uso de ia para escrita científica no Brasil; 2.800+ alunos impactados no Brasil e em 15+ países.
Referências
Atualizado em 24/09/2025