A crescente adoção de ferramentas de inteligência artificial gera uma dor clara: risco de citações erradas, afirmações inventadas e perda de autoria — riscos que podem levar à rejeição ou retratação. Este texto explica, em linguagem direta e em 4 passos práticos, como documentar, checar e declarar o uso de IA para manter integridade e autoria em 7–30 dias úteis. No final terá checklists, templates e um plano de 30 dias para aplicar imediatamente.
A crescente adoção de ferramentas de inteligência artificial tornou tarefas como rascunho, tradução e correção muito mais rápidas, mas trouxe dúvidas e riscos claros: citações erradas, afirmações inventadas e perda de controle sobre o texto. Se você está concluindo a graduação ou ingressando no mestrado, essas são dores reais e urgentes.
Aqui você vai aprender o que dominar para usar IA com segurança: práticas de documentação, verificação factual, declaração em submissões e habilidades de prompt. A recomendação segue diretrizes oficiais e relatórios institucionais, mostrando caminhos práticos para manter autoria e integridade [F1] [F2]. Nas seções a seguir, explico conceitos, mostro dados e deixo checklists e templates prontos.
Use IA para acelerar rascunhos e revisão, mas sempre versionando prompts e checando fatos com fontes primárias; declare o uso na submissão e crie protocolo local de auditoria, assim você mantém controle intelectual e evita problemas éticos e de integridade [F1] [F2].
Perguntas que vou responder
- O que exatamente é escrever com IA e onde ela falha?
- Quais os principais riscos e como mitigá-los?
- Como montar um fluxo prático no seu projeto de mestrado?
- Como documentar e declarar o uso de IAG ao submeter um artigo?
- Quais ferramentas e habilidades devo dominar agora?
- Quando não devo usar IA, e o que fazer em vez disso?
O que é IA na escrita científica?
Conceito em 1 minuto, e onde costuma falhar
A escrita científica assistida por escrita científica inclui modelos de linguagem, ferramentas de sumarização, tradutores automáticos, corretores estilísticos e geradores de referências. Essas ferramentas geram textos e sugestões que sempre precisam de supervisão humana, porque podem inventar fatos ou citar fontes de forma imprecisa.
O que os relatórios e diretrizes mostram [F2] [F4]
Estudos e diretrizes brasileiras já apontam benefícios para acesso e produtividade, mas também destacam riscos de “hallucination” e problemas de autoria que afetam reputação. Políticas institucionais exigem transparência e validação das saídas de IAG [F2] [F4].
Checklist rápido para avaliar se uma saída de IA é utilizável
- Verifique cada afirmação factual com a fonte primária.
- Confirme todas as citações e identificadores de DOI ou páginas.
- Reescreva trechos para preservar sua voz e contribuição intelectual.
- Versione prompts e salve as iterações para auditoria.
Limite prático, quando não funciona: se o seu estudo depende de interpretação conceitual original ou de análise crítica complexa, IA funciona só como rascunho. Priorize produção autoral e use IA apenas para economia de tempo em tarefas repetitivas.
Quais riscos e como evitá-los?

O problema explicado em termos simples
Riscos comuns: afirmações inventadas pela IA, referências erradas ou inexistentes, similaridade não intencional e diminuição da agência do autor. Isso pode levar à rejeição de artigos ou questionamento de integridade acadêmica.
O que os dados e políticas destacam [F1] [F6]
Relatórios de agências e documentos institucionais pedem disclosure do uso de IAG e protocolos de verificação. Casos documentados mostram que falhas não detectadas podem gerar retratação e danos reputacionais [F1] [F6].
Passos práticos para reduzir risco
- Defina limites claros: o que a IA pode gerar, e o que exige autoria humana.
- Use detectores de similaridade antes da submissão.
- Adote checklists de factualidade para cada seção do manuscrito.
Cenário onde essa abordagem falha: equipes sem tempo ou sem apoio do orientador tendem a pular validações. Se for seu caso, negocie prazos ou peça coorientação técnica; não submeta sem revisão crítica.
Como integrar IA no fluxo do seu projeto de mestrado?
O que mudar no seu processo de trabalho
Pense em IA como uma assistente que faz rascunhos e tarefas repetitivas, mas que precisa de revisão humana para cada resultado. Integre-a em etapas definidas, não ao acaso.

Exemplo prático e resultado em projeto real
Na prática, usei IA para gerar rascunhos iniciais de revisão de literatura, depois filtrei e validei cada referência. O ganho de tempo foi real, e a versão final manteve a voz dos autores porque toda seção passou por reescrita crítica e checagem de fontes; resultado: projeto com entregáveis claros e submissão em 15 meses.
Fluxo em 4 passos que você pode aplicar hoje
- Planeje: selecione tarefas automatizáveis (resumos, tradução, sugestões de título).
- Gere: produza rascunhos com prompts versionados.
- Valide: cheque fatos, verifique citações e corrija linguagem.
- Declare: registre uso e salve versões.
Limitação: projetos que exigem análise empírica inédita não devem delegar interpretação à IA. Use-a apenas para suporte técnico e formatação.
Como documentar e declarar o uso de IA ao submeter?
Regra básica em poucas frases
Documente quais ferramentas foram usadas, para que tarefa e quais verificações independentes você realizou. Transparência protege você e sua instituição.

O que orientações institucionais sugerem [F3] [F1]
Diretrizes de universidades e agências pedem declaração explícita do uso de IAG, e registro de prompts e outputs brutos quando relevante. Algumas revistas já exigem nota metodológica sobre ferramentas usadas [F3] [F1].
Template rápido de declaração para submissão
Use algo como: “Ferramenta X (modelo Y) foi usada para (tarefa). O autor validou todas as afirmações e referências e preservou contribuição intelectual original. Prompts e versões estão arquivados sob (local/documento).”
Onde isso não basta: se a revista tiver políticas próprias, siga-as. Em caso de dúvida, contate o editor antes de submeter.
Quais ferramentas e habilidades você precisa dominar agora?
Habilidades essenciais em minutos
Aprenda prompt design, verificação de factualidade, bibliometria básica e uso de detectores de similaridade. Essas habilidades reduzem risco e aumentam autonomia.
O que a literatura recomenda sobre treinamentos [F5]
Estudos em educação mostram que cursos curtos de prompt engineering e revisão crítica aumentam eficácia no uso de IAG e reduzem erros factuais [F5].
Plano de 30 dias para aprendizado prático
- Semana 1: fundamentos de prompt e uso seguro de modelos.
- Semana 2: exercícios de verificação de citações e checagem de fatos.
- Semana 3: integração com gestores de referência e formatação.
- Semana 4: simulações de submissão com declaração e revisão por pares.
Contraexemplo: se sua instituição proíbe uso de IAG em avaliações internas, priorize aprendizado teórico e automações permitidas, como correção gramatical.
Quando não usar IA e o que fazer em vez disso?

Situações em que a IA tem pouco valor
Não use IA para interpretação teórica original, análise qualitativa sem supervisão ou decisões éticas sobre autoria. Nesses casos, o risco supera o benefício.
Evidências e recomendações de políticas [F1] [F8]
Agências e associações científicas destacam que ferramentas de IAG não devem estar na autoria e que a validação humana é obrigatória; recomendações orientam práticas de disclosure e formação de orientadores [F1] [F8].
O que fazer quando IA não serve
- Escreva a seção crítica pessoalmente, sem usar IA.
- Se precisar de ajuda, busque coautoria humana ou supervisão metodológica.
- Use IA apenas para formatação e revisão linguística, e documente isso.
Limite: equipes sem orientação experiente podem subestimar complexidade ética. Peça ao seu orientador uma política de uso clara antes de aplicar IA em partes centrais do trabalho.
Como validamos
A partir das diretrizes e relatórios citados, cruzamos recomendações institucionais com estudos acadêmicos sobre ensino e integridade científica para montar fluxos práticos. Priorizamos documentos oficiais e evidências empíricas que tratam de políticas, treinamento e detecção de erros em IAG [F1] [F2] [F5]. As sugestões foram testadas em cenários reais de redação acadêmica e adaptadas para quem está ingressando no mestrado.
Conclusão e próximos passos
Resumo prático: use IA para ganhar tempo, mas mantenha autoria: versionamento de prompts, checagem de fatos e declaração em submissões são não negociáveis. Ação imediata: crie uma pasta no seu repositório de trabalho onde você salva prompts, outputs e notas de verificação para cada manuscrito.
Recurso institucional recomendado: consulte as diretrizes da CAPES e as orientações locais da sua universidade antes da submissão [F1].
FAQ
Preciso declarar o uso de IA na submissão?
Sim, a declaração é uma medida de proteção: declarar a ferramenta, a função que ela cumpriu e como você validou os resultados evita mal-entendidos e protege sua reputação. Próximo passo: inclua a declaração no arquivo de submissão e arquive prompts e outputs relacionados.
A IA pode substituir revisão por pares?
Não, revisão por pares avalia rigor metodológico e originalidade, tarefas que exigem julgamento humano. Use IA para preparar o texto, não para validar ciência. Próximo passo: use IA para formatar e resumir antes da revisão por pares humana.
Como evitar citações falsas geradas pela IA?
Não aceite referências sugeridas sem checá-las na fonte primária; busque DOIs, abstracts e confirme páginas originais antes de incluir. Próximo passo: verifique cada referência no gestor bibliográfico e atualize entradas com os DOIs confirmados.
Qual é a habilidade mais urgente para aprender?
Prompt engineering aliado à verificação crítica de fatos é a combinação mais urgente; juntos reduzem erros e aumentam produtividade. Próximo passo: faça exercícios práticos de prompt e verificação em uma sessão de 1–2 horas esta semana.
E se meu orientador proibir IA?
Respeite a orientação e busque entender os motivos; muitas proibições são parciais e permitem automações de baixo risco. Próximo passo: proponha usos restritos, documentados e validados em conjunto com o orientador.
Elaborado pela Equipe da Dra. Nathalia Cavichiolli.
Dra. Nathalia Cavichiolli — PhD pela USP, com dois pós-doutorados; MBA em Gestão e Docência; experiência internacional na The Ohio State University (EUA); revisora de periódicos científicos pela Springer Nature, com atuação em 37+ revistas, incluindo a Nature; especialista em escrita acadêmica há 15+ anos; pioneira no uso de IA para escrita científica no Brasil; 2.800+ alunos impactados no Brasil e em 15+ países.
Referências
- [F1] – https://www.gov.br/capes/pt-br/centrais-de-conteudo/23042025_Relatorio_2575649_A_inteligencia_artificial_na_pesquisa_e_no_fomento.pdf
- [F2] – https://prpg.unicamp.br/wp-content/uploads/sites/10/2025/01/livro-diretrizes-ia-1.pdf
- [F4] – https://www.scielo.br/j/eb/a/SJk53dtyBBfVq583TJhtGTz/?format=pdf&lang=pt
- [F6] – https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC11254215/
- [F3] – https://www3.unicentro.br/propesp/wp-content/uploads/sites/99/2025/07/DIRETRIZES-IAG-PESQUISA-final.pdf
- [F5] – https://www.frontiersin.org/articles/10.3389/feduc.2024.1347421/full
- [F8] – https://anpad.blob.core.windows.net/files/2025_Recomendacoes_especiais_aos_autores.pdf