Você está prestes a submeter um projeto, um artigo ou a proposta de dissertação e pensa em recorrer à IA para ganhar tempo; o risco é que uso indevido pode resultar em plágio, autoria indevida ou erros factuais que comprometam sua aprovação. Este texto explica práticas concretas para usar IA como apoio mantendo sua integridade acadêmica, além de indicar o que usar, como documentar e quais ferramentas checar.
Usar IA é permitido se for transparente e supervisionado; para aprovação em pós-graduação, trate a IA como ferramenta de assistência, documente versões e prompts, revise factualmente cada trecho gerado e declare o uso na metodologia ou agradecimentos antes da submissão.
Perguntas que vou responder
- Vale a pena usar IA no meu texto?
- Quais erros comuns ameaçam a aprovação?
- Como documentar e declarar o uso de IA?
- Quais ferramentas ajudam a checar originalidade e fatos?
- Como alinhar isso com orientador e coordenação?
- Quando evitar IA por completo?
O que é IA na escrita científica e onde ela ajuda
Conceito em 1 minuto: tipos e limites
IA para escrita científica inclui modelos de linguagem (LLMs) e ferramentas auxiliares para revisão, resumo, tradução e formatação. Operacionalmente, distinga suporte à redação, busca/síntese e geração original, sendo esta última a mais arriscada para similaridade.
O que os estudos e guias técnicos mostram
Pesquisas descrevem ganhos de produtividade e qualidade linguística, mas também alertam para erros factuais e similaridade sem declaração; recomenda-se uso com revisão humana rigorosa e documentação da ferramenta [F1].

Checklist prático para decidir quando aplicar IA no processo de redação acadêmica.
Checklist rápido: quando usar IA e quando não usar
- Use IA para: esboço inicial, reescrita de frases, formatação e resumo de artigos.
- Evite IA para: gerar resultados, interpretar dados brutos ou confeccionar argumentos inéditos sem verificação.
- Regra prática de 3 passos: exija sempre edição substancial sua antes de incluir o texto.
- Contraexemplo: não submeta parágrafos gerados sem revisão; se o resultado contém interpretações complexas, faça a análise manual ou consulte o orientador.
Riscos que podem comprometer sua aprovação
Principais riscos descritos em poucas linhas
Risco de plágio não declarado, autoria indevida, erros factuais e incompatibilidade com normas institucionais. Esses problemas impactam reputação, avaliação e podem gerar sanções disciplinares [F2].
Casos e normas no contexto brasileiro
Universidades brasileiras já discutem regras internas, e políticas nacionais como o PBIA orientam práticas e infraestrutura; programas de pós-graduação têm autonomia para normatizar critérios de transparência [F6] [F4].
Passo a passo para reduzir cada risco
- Consulte o regulamento do seu PG antes de usar IA.
- Salve logs: ferramenta, data, versão, prompts.
- Revise factualmente e referencie fontes originais.
- Declare o uso na metodologia ou agradecimentos.

Mostra registro de logs e anotações para documentar e declarar o uso de IA antes da submissão.
Como documentar e declarar o uso de IA no seu trabalho
O que deve constar na documentação exigida
Registre nome da ferramenta, fornecedor, versão, data de acesso e os prompts principais usados. Inclua anexo com exemplos de interação ou resumo das instruções que geraram o trecho.
Exemplo prático de declaração e referência a anexos
Exemplo real disponível em repositórios acadêmicos recomenda linha curta na metodologia: “Partes da revisão de linguagem e síntese bibliográfica foram apoiadas por ferramenta X (versão Y), acessada em DD/MM/AAAA; prompts e logs estão no Anexo Z” [F5].
Template útil: texto pronto para metodologia (copie e adapte)
Sugestão de frase: “Recursos de IA (ferramenta: nome, versão: X, acesso: DD/MM/AAAA) foram utilizados apenas para revisão de linguagem e formatação. Todas as decisões interpretativas e análises foram realizadas pelo(s) autor(es). Logs e prompts estão disponíveis no Anexo.” Regra prática de 3 passos: inclua este texto antes de submeter e anexe os arquivos; se o periódico exige declaração mais detalhada, adapte para incluir prompts e alterações exatas.

Ilustra o fluxo de verificação: detecção de similaridade e checagem factual antes da entrega.
Ferramentas e práticas de checagem imprescindíveis
Ferramentas úteis e suas limitações
Há detectores de similaridade (serviços tipo Turnitin), ferramentas de verificação factual e sistemas de revisão automática. Nenhuma ferramenta é infalível: detectores podem não identificar parafraseamento fino e LLMs podem “alucinar” fatos.
O que os dados sobre detecção e riscos mostram
Estudos indicam que a maioria dos incidentes envolvendo IA resulta da falta de declaração e de revisão manual insuficiente. Detecção automatizada é um apoio, não uma garantia; revisão humana continua essencial [F2].
Fluxo de verificação prático antes da submissão
- Execute verificação de similaridade.
- Faça checagem factual ponto a ponto: confirme cada afirmação com fonte primária.
- Documente alterações feitas após a IA.
Checklist prático: verificação de similaridade, lista de afirmações factuais checadas, logs de prompts. Contraexemplo: confiar apenas no detector e não revisar referências pode deixar erros não perceptíveis; sempre combine ferramentas com revisão humana.

Sugere como apresentar o uso de IA ao orientador com transparência e exemplos práticos.
Como falar com orientador, banca e coordenação sobre IA
Como abrir a conversa com seu orientador
Explique por que quer usar IA, mostre a ferramenta e os prompts, e proponha registro das interações. Peça concordância por escrito quando possível. Pergunte sobre regras do programa antes de avançar.
Exemplo autoral de diálogo curto (modelo)
Aluno: “Usei a ferramenta X para clarear a linguagem do resumo; salvei os prompts e editei tudo. Posso anexar os logs à proposta?” Orientador: “Mostre as edições e vamos decidir o texto final; declare na metodologia.” Guardar esse tipo de diálogo evita mal-entendidos na banca.
Checklist de conversa antes de submeter
- Confirme política do programa.
- Combine forma de documentação.
- Defina o que é aceitável (linguagem versus geração de conteúdo).
Como validamos
A validação deste guia foi feita por revisão de literatura e de diretrizes institucionais recentes, cruzando recomendações práticas e estudos sobre riscos e detecção. Priorizei documentos nacionais e artigos técnicos para refletir o contexto brasileiro e as recomendações aplicáveis [F1] [F2] [F4].
Conclusão rápida e chamada à ação
Resumo: usar IA na escrita científica é viável, desde que haja transparência, revisão crítica e alinhamento com normas locais. Ação prática: antes de submeter, consulte seu regulamento de PG, documente a ferramenta/versão e prepare a declaração para a metodologia.
FAQ
Preciso declarar o uso de IA na proposta?
Sim: a declaração é necessária sempre que a IA contribuiu de forma substantiva em texto, síntese ou formatação; inclua ferramenta, versão e data, e anexe logs quando possível. Próximo passo: adicione a declaração na metodologia antes da submissão.
Posso usar IA para traduzir meu trabalho?
Sim: tradução e revisão de linguagem são aceitáveis, desde que você revise e confirme termos técnicos e referências; registre a ferramenta usada. Próximo passo: revise termos técnicos e registre as interações em anexo.
E se a banca discordar do uso de IA?
Explique a forma de uso e apresente documentação; se houver discordância, siga a orientação da coordenação. Próximo passo: solicite orientação formal à coordenação ou renegocie o formato de entrega.
Ferramentas de detecção são confiáveis?
São úteis, mas incompletas; combine detector com revisão humana e checagem de referências primárias. Próximo passo: execute detector e faça a checagem manual ponto a ponto.
Posso submeter trechos gerados sem editar?
Não: submeta apenas textos nos quais você tenha feito edição crítica e assumido responsabilidade pelas ideias. Próximo passo: revise e documente cada edição antes da submissão.
Elaborado pela Equipe da Dra. Nathalia Cavichiolli.
Dra. Nathalia Cavichiolli — PhD pela USP, com dois pós-doutorados; MBA em Gestão e Docência; experiência internacional na The Ohio State University (EUA); revisora de periódicos científicos pela Springer Nature, com atuação em 37+ revistas, incluindo a Nature; especialista em escrita acadêmica há 15+ anos; pioneira no uso de IA para escrita científica no Brasil; 2.800+ alunos impactados no Brasil e em 15+ países.
Referências
- [F2] – https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/40251634/
- [F1] – https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/40461144/
- [F6] – https://revistapesquisa.fapesp.br/universidades-brasileiras-discutem-regras-de-uso-de-inteligencia-artificial/
- [F4] – https://www.gov.br/lncc/pt-br/assuntos/noticias/ultimas-noticias-1/plano-brasileiro-de-inteligencia-artificial-pbia-2024-2028
- [F5] – https://repositorio.unifesp.br/bitstreams/9fe705e8-f624-489e-a07a-2527ad09f73c/download