Como usar IA na escrita acadêmica sem comprometer a ética

Mãos digitando em laptop sobre mesa com anotações e artigos, representando escrita acadêmica com IA

Dúvidas sobre autoria, plágio e responsabilidade tiram o sono e podem levar a sanções éticas; usar IA como suporte é aceitável desde que você declare o uso, documente modelo/versão e prompts relevantes, mantenha responsabilidade humana sobre ideias e faça checagens de veracidade e originalidade antes da submissão. Essas medidas reduzem riscos de sanções éticas e preservam integridade acadêmica [F1] [F8] [F2].

A escrita acadêmica com auxílio de inteligência artificial trouxe facilidades reais, mas também dúvidas que tiram o sono: quem responde pelo argumento, como evitar plágio involuntário e quando a ferramenta vira coautora? Este texto explica, com base em estudos e orientações institucionais, o que você deve fazer para usar IA de forma responsável e prática [F1] [F4].

Perguntas que vou responder


Vale a pena usar IA na redação antes do mestrado?

Conceito em 1 minuto: assistência versus autoria

IA pode ajudar na forma: estrutura, revisão linguística, tradução e resumo. Deve ficar claro que a ferramenta apoiou tarefas técnicas, enquanto a autoria intelectual — hipóteses, análise e interpretação continua sendo humana.

O que a literatura e guias mostram

Estudos e diretrizes recentes recomendam separar edição técnica de geração substancial de conteúdo, proíbem autoria atribuída a sistemas e pedem disclosure do uso, modelo e versão [F1] [F4]. Isso protege integridade e evita responsabilização indevida.

Checklist rápido para decisões de uso

Quando não funciona: se o periódico ou programa exige declaração de não uso de IAG, não use a ferramenta; em vez disso, peça apoio institucional em revisão linguística humana.


Mãos anotando manuscrito impresso ao lado de laptop e notas, indicando preparação de declaração de uso de IA
Ilustra como preparar e anexar a declaração de uso de IA em teses e manuscritos.

Como declarar o uso de IA em manuscritos e teses?

Conceito em 1 minuto: transparência prática

Declarar o uso significa indicar quais etapas foram assistidas, qual ferramenta e versão, e guardar registros que comprovem o envolvimento técnico.

Exemplo de orientação institucional

Guias universitários já sugerem inserir uma cláusula em Metodologia ou Apêndice com: nome do modelo, versão, data, prompts-chave e trecho de output usado, além da frase que mantém a responsabilidade humana pelo conteúdo [F4].

Passo a passo aplicável: frase de disclosure e registro

  1. Adote uma frase padrão no manuscrito.
  2. Anexe um arquivo com prompts, outputs relevantes e data.
  3. Guarde logs ou screenshots em repositório institucional.

Limite: se o output conter dados sensíveis ou confidenciais, não inclua os prompts completos; consulte o comitê de ética e redija um resumo técnico protegido.


Quais os riscos éticos e como mitigá-los?

Conceito em 1 minuto: três riscos principais

Plágio involuntário, apagamento de autoria humana e erros factuais (hallucinations) que comprometem validade; todos exigem controles humanos e técnicos.

Pilha de artigos e lupa sobre mesa, com anotações, simbolizando análise de integridade acadêmica
Mostra revisão e análise de estudos que abordam riscos e recomendações sobre integridade.

O que mostram estudos sobre integridade

Revisões apontam incidentes de atribuição indevida e recomendações para verificação factual e uso de detectores de plágio, além de formação em literacia digital para pesquisadores [F1] [F8].

Conteúdo prático: lista de controles mínimos

  • Verificação factual manual de trechos gerados.
  • Uso de verificador de plágio antes de submissão.
  • Revisão crítica por orientador e por pares humanos.

Cenário onde falha: confiar somente em detectores automáticos de plágio. O correto é combinar checagem humana e ferramentas técnicas; explique divergências no arquivo de revisão.


Como criar uma política institucional eficaz?

Conceito em 1 minuto: políticas que funcionam

Políticas práticas definem níveis de envolvimento da IA (edição, síntese, geração) e exigem disclosure, armazenamento de registros e formação para orientadores e alunos.

O que recomendo com base em exemplos brasileiros

Documentos de pró-reitorias e coletivos nacionais propõem tipologias de uso e cláusulas padrão para teses e artigos; adaptar esses modelos à realidade do seu programa facilita fiscalização e conformidade [F4] [F6].

Modelo de cláusula pronta (template rápido)

  • Indique o nível: edição linguística / síntese bibliográfica / geração de rascunho.
  • Liste a ferramenta, versão e data.
  • Declare que todos os juízos e decisões foram feitos por autores humanos.

Limitação: políticas muito rígidas podem impedir inovação. Prefira regras que combinem segurança e capacitação, não proibições absolutas.


Pasta de projeto com logs impressos, pen drive, laptop e caderno, mostrando organização de registros técnicos
Exemplifica armazenamento e organização de registros de modelos, prompts e outputs para auditoria.

Ferramentas, registros e práticas técnicas úteis

Conceito em 1 minuto: rastreabilidade é essencial

Guardar evidências reduz riscos e facilita auditoria. Registre modelo, prompts, outputs e data, e armazene em pasta do projeto com controle de versão.

O que a literatura técnica recomenda

Pesquisas técnicas sugerem documentar prompts e parâmetros, usar logs e manter backups, além de verificar licenças de conteúdo usado em prompts [F2] [F8].

Guia prático: arquivo mínimo que você deve manter

  • Documento com nome do modelo, versão e data.
  • Lista de prompts usados para gerar trechos relevantes.
  • Outputs salvos em formato não editável e notas do autor sobre alterações.

Quando não usar esse fluxo: em projetos com dados sensíveis; consulte ética e anonimização antes de qualquer envio para provedores externos.


Quando evitar IA: cenários e alternativas

Conceito em 1 minuto: nem tudo é automatizável

Em investigações que exigem originalidade metodológica ou dados sensíveis, IA pode introduzir riscos inaceitáveis.

Duas pessoas discutindo exemplo prático sobre laptop e anotações, em orientação colaborativa
Ilustra aplicação prática com orientação e revisão conjunta.

Evidência e exemplo prático

Em áreas clínicas ou com dados pessoais, a responsabilidade e a proteção são maiores; guidelines de simulação clínica e saúde indicam cautela e revisão humana rigorosa [F3].

Alternativas práticas

  • Use revisores humanos especializados.
  • Contrate apoio institucional de redação acadêmica.
  • Empregue IA apenas para revisão de linguagem com logs controlados.

Contraexemplo: usar IA para gerar o desenho metodológico. Em vez disso, mantenha elaboração metodológica com orientador e documente todas as decisões.


Exemplo autoral (curto)

Durante uma orientação, uma aluna usou IA para revisar texto em inglês e incluiu no apêndice a versão do modelo e os prompts. Quando um revisor questionou similaridade textual, os registros mostraram edição linguística, evitando mal-entendido e acelerando a aceitação. Essa experiência mostra que transparência salva tempo e reputação.

Como validamos

Revisamos literatura científica e documentos institucionais publicados entre 2024 e 2025, cruzando orientações práticas com revisões sistemáticas e guias de pró-reitorias brasileiras. Priorizamos fontes que tratam diretamente de integridade acadêmica e disclosure para gerar recomendações aplicáveis a programas de mestrado e orientadores [F1] [F4] [F8].

Conclusão, resumo e próximo passo

A regra prática de 3 passos: trate IA como ferramenta técnica, não como coautora; declare uso, documente modelo/versão/prompts, e faça checagens factuais e de originalidade. Ação imediata: adote a cláusula de disclosure acima no seu projeto e salve um arquivo com prompts e outputs. Recurso institucional sugerido: consulte a pró-reitoria de pós-graduação da sua universidade para adaptar a política local [F4].

FAQ

Preciso declarar pequeno uso, como correção gramatical?

Tese direta: Declare mesmo usos pequenos quando a política institucional ou do periódico exigir. Para correções estritamente linguísticas, um apêndice curto com a ferramenta e versão costuma ser suficiente. Próximo passo: Inclua um apêndice curto que registre a ferramenta e a versão usada.

Posso colocar a IA como coautora?

Tese direta: Ferramentas não atendem critérios de autoria acadêmica. Declare uso e mantenha responsabilidade humana sobre ideias e conclusões. Próximo passo: Não atribua autoria à IA; mantenha uma declaração de responsabilidade no manuscrito.

Como registrar prompts sem expor dados sensíveis?

Tese direta: Proteja dados sensíveis ao registrar prompts. Redija um resumo técnico dos prompts e salve detalhes em ambiente protegido, consultando o comitê de ética se necessário. Próximo passo: Salve apenas resumos técnicos acessíveis e registre os detalhes em repositório restrito.

Ferramentas de detecção de IA substituem revisão humana?

Tese direta: Não substituem revisão humana. Combine detectores automatizados com revisão crítica por orientadores e pares para reduzir falsos positivos e lacunas. Próximo passo: Aplique detecção automatizada e solicite revisão humana complementar antes da submissão.

Como convencer meu orientador a permitir uso controlado de IA?

Tese direta: Transparência e registros são a base para obter autorização. Apresente a cláusula de disclosure, explique os registros que você manterá e proponha revisão conjunta dos trechos gerados. Próximo passo: Proponha uma revisão conjunta e entregue o anexo com prompts e outputs ao orientador.


Elaborado pela Equipe da Dra. Nathalia Cavichiolli.

Dra. Nathalia Cavichiolli — PhD pela USP, com dois pós-doutorados; MBA em Gestão e Docência; experiência internacional na The Ohio State University (EUA); revisora de periódicos científicos pela Springer Nature, com atuação em 37+ revistas, incluindo a Nature; especialista em escrita acadêmica há 15+ anos; pioneira no uso de IA para escrita científica no Brasil; 2.800+ alunos impactados no Brasil e em 15+ países.


Atualizado em 24/09/2025