A dor é clara: recebemos muitos manuscritos e falta tempo para analisar tudo com profundidade, o que pode atrasar decisões editoriais e aumentar o risco de enviar estudos inviáveis a revisores. Este guia apresenta uma triagem crítica estruturada e reproduzível que identifica sinais de validade e problemas óbvios em 5–10 minutos, permitindo priorizar submissões e reduzir o tempo de resposta editorial em dias a semanas.
Você vai encontrar um roteiro minuto a minuto, checklists enxutos, exemplos práticos e limites claros para quando encaminhar para revisão completa.
Para uma revisão crítica em poucos minutos, siga um roteiro de 5 passos: 30–60s no título/abstract, 1–2 min no desenho e amostra, 1–2 min confrontando resultados e conclusões, 1 min em ética/conflitos e 1 min em formato e recomendação; registre incertezas e solicite análise completa quando houver impacto potencial.
Perguntas que vou responder
- O que é e quando usar a triagem rápida?
- Qual o passo a passo minuto a minuto?
- Quais checagens metodológicas são essenciais?
- Como checar forma e ABNT sem perder foco?
- Quais ferramentas e checklists usar?
- Quando a triagem rápida falha e o que fazer?
O que é triagem crítica rápida e quando usar
Conceito em 1 minuto
Triagem crítica rápida é uma avaliação curta e focalizada que busca sinais de relevância, coerência entre resultados e conclusões e falhas metodológicas óbvias; não substitui revisão completa, mas prioriza manuscritos e evita perda de tempo com textos inviáveis.
O que os estudos e guias recomendam [F1][F3]
Pesquisas e guias práticos descrevem etapas diretas: leitura de título/abstract, identificação do desenho e checagem de medidas e conflito de interesse. Instituições que adotam protocolos curtos reduzem tempo de resposta editorial, embora precisem registrar limitações do parecer [F1][F3].
Checklist rápido para decidir se prosseguir
- 30–60s: título e resumo coerentes com pergunta e conclusão
- 1–2 min: desenho identificado, PICO/objetivo claro
- 1–2 min: amostra e análises plausíveis, sem viés óbvio
- 1 min: ética, conflitos e disponibilidade de dados
- 1 min: forma mínima e recomendação inicial (aceitar/revisar/desk reject)
Quando não usar: se o estudo apresenta métodos complexos (modelagem avançada, análises de sensibilidade extensas), a triagem curta pode falhar; nesses casos, solicite revisão especializada completa.
Como fazer em 5–10 minutos: roteiro minuto a minuto

Mostra o roteiro minuto a minuto e itens que devem ser verificados em 5–10 minutos.
Leitura focal: o que olhar nos primeiros 60 segundos
Leia título, abstract e última frase da conclusão e busque se o estudo responde uma questão clara; se identificar inconsistência evidente entre objetivo e conclusão, anote e avance.
O que os dados mostram na prática [F1][F6]
Protocolos de appraisal rápido usados por periódicos e centros de EBM recomendam priorizar randomização, tamanho amostral informado e medidas principais reportadas. Ferramentas curtas ajudam a identificar omissões comuns que justificam desk reject ou revisão maior [F6].
Passo a passo aplicável em 5–10 minutos
- 0:30–1:00 — título, abstract, conclusão: marcar relevância e congruência
- 1:00–3:00 — desenho e PICO: checar amostra, randomização e comparadores
- 3:00–5:00 — resultados versus conclusão: tamanho de efeito e consistência
- 5:00–6:00 — ética, conflito de interesse, dados disponíveis
- 6:00–7:00 — conformidade formal mínima e recomendação rápida
Dica prática: use um formulário com caixas de seleção e campo para observações breves.
Quando agir: em estudos com impacto clínico alto ou políticas públicas envolvidas, não confie apenas na triagem; encaminhe imediatamente para revisão completa e registre a razão.
Quais checagens metodológicas essenciais em velocidade
Conceito em 1 minuto: prioridades metodológicas
Foque em validade interna: desenho compatível com a pergunta, método de seleção da amostra, medidas primárias e controle de vieses principais; busque sinais de má conduta, como resultados implausíveis ou referências ausentes.

Exemplifica checagens de resultados e sinais práticos de inconsistência em manuscritos.
Exemplos e indicadores práticos [F1][F9]
Estudos mostram que omissões comuns em manuscritos iniciais são falta de descrição da amostra, ausência de procedimentos éticos e análise estatística insuficiente. Usar itens-chave de checklists reduz decisões erradas na triagem [F1][F9].
Lista de checagem metodológica curta (5 itens)
- Tipo de estudo identificado e adequado à pergunta
- Critérios de inclusão/exclusão claros e tamanho amostral informado
- Medidas principais descritas e analisadas corretamente
- Controle ou discussão de vieses relevantes
- Aprovação ética e declarações de conflito de interesse
Para revisões sistemáticas complexas ou meta-análises com rerun de dados, a checagem rápida é insuficiente; solicite a documentação de protocolos e análise completa.
Como checar forma e ABNT rapidamente sem travar o processo
O que verificar em 30–60 segundos sobre formato
ABNT refere-se às normas de apresentação. Na triagem rápida busque presença da estrutura básica, resumo em português e inglês e formato aceitável das referências.
Observações de políticas institucionais [F4]
Universidades e programas costumam devolver manuscritos antes mesmo da revisão quando não cumprem normas formais. Integrar essa checagem na secretaria editorial evita retrabalho e economiza tempo [F4].
Passos práticos para a checagem ABNT-minimal

Ilustra a checagem rápida de formato e referências segundo normas para decisão editorial.
- Verificar presença de resumo em PT e EN
- Conferir se referências seguem padrão estruturado (autor, título, fonte)
- Anotar problemas formais que justifiquem devolução sem revisão ad hoc
Sugestão operacional: delegar checagem ABNT à secretaria editorial antes do parecer ad hoc.
Não devolva por pequenos lapsos formais quando o conteúdo tiver alto potencial; neste caso, informe o autor e combine prazo curto para correção.
Ferramentas e checklists úteis para triagem rápida
Conceito em 1 minuto: por que usar ferramentas
Checklists condensam sinais críticos e reduzem vieses de atenção. Ferramentas como CASP e CEBM oferecem versões curtas aplicáveis à triagem.
Recursos recomendados [F6][F7][F5]
Use ferramentas validadas: CEBM critical appraisal tools e checklists CASP para delinear itens essenciais. Algumas universidades oferecem checklists locais adaptados ao fluxo editorial [F6][F7][F5].
Modelo de checklist adaptado (5–7 itens)
- Relevância clara
- Desenho compatível e PICO identificado
- Amostra e análises suficientes
- Resultados coerentes com conclusões
- Ética e conflitos declarados
- Formato mínimo presente (resumo PT/EN)
- Observações e recomendação final
Inclua sempre um campo para urgência, por exemplo: “precisa revisão completa” ou “desk reject”.
Riscos, limitações e quando exigir revisão completa
Como identificar sinais de alerta em 30 segundos

Mostra elementos para identificar sinais de alerta que exigem revisão completa.
Sinais de alerta incluem conclusões exageradas, análise estatística ausente ou incoerente, conflitos de interesse não declarados e falta de aprovação ética; qualquer sinal assim pede revisão aprofundada.
Evidências sobre riscos de triagem rápida [F3]
Estudos e comentários editoriais ressaltam o risco de omissões e viés quando a triagem não é documentada. Protocolos claros e registro de incertezas mitigam riscos e aumentam transparência editorial [F3].
Passo prático quando detectar risco
- Marcar o manuscrito como “revisão completa necessária” e justificar brevemente
- Solicitar documentos suplementares ou protocolos registrados
- Notificar editor e, se for o caso, recusar provisoriamente até revisão aprofundada
Não use a triagem rápida para validar estudos que possam mudar prática clínica sem revisão completa; neste contexto, a eficiência não é prioridade sobre segurança.
Exemplo prático autoral: como uma triagem rápida salvou tempo editorial
Em uma avaliação de rotina, identifiquei que o abstract anunciava efeitos significativos que não apareciam nas tabelas de resultados. Em menos de 6 minutos detectei inconsistência, solicitei revisão dos autores e evitei encaminhar para revisores ad hoc; resultado: economia de semanas no fluxo editorial e clarificação metodológica pelos autores.
Como validamos
O protocolo proposto foi construído a partir de guias reconhecidos de appraisal crítico e checklists práticos [F1][F6], da literatura sobre riscos editoriais [F3] e de normas institucionais brasileiras sobre apresentação de teses e dissertações [F4]; adaptei itens para a realidade editorial acadêmica nacional e testei o roteiro em casos reais.
Conclusão e próxima ação
É possível revisar com olhar crítico em 5–10 minutos usando um roteiro estruturado que prioriza validade metodológica e congruência resultados–conclusões, documentando incertezas. Ação prática: baixe ou crie um formulário de triagem com 7 itens e comece a usar em sua próxima caixa de submissões; consulte a secretaria do seu programa para integrar o checklist localmente.
FAQ
Posso usar a triagem rápida para qualquer área do conhecimento?
Tese direta: Sim, desde que o checklist seja adaptado às especificidades disciplinares. Próximo passo: Adapte os 5–7 itens essenciais à sua área e registre critérios disciplinares para quando exigir revisão completa.
A triagem rápida aumenta o risco de aceitar artigos ruins?
Tese direta: Existe risco de falso negativo; por isso documente limitações no parecer e solicite revisão completa sempre que houver dúvidas. Próximo passo: Sempre marque incertezas no formulário e solicite revisão aprofundada se o estudo tiver impacto potencial.
Como ensino orientandos a fazer essa triagem?
Tese direta: Exercícios práticos aceleram a curva de aprendizagem. Próximo passo: Use 3 manuscritos por aluno, compare marcações e discuta divergências com templates padronizados.
Devo checar ABNT na triagem ou depois?
Tese direta: Recomenda-se checagem mínima pela secretaria antes do parecer ad hoc. Próximo passo: Delegue verificação formal à secretaria e reserve a avaliação de mérito ao parecer ad hoc.
Que ferramenta usar primeiro?
Tese direta: Comece por versões condensadas do CASP ou CEBM adaptadas à sua área. Próximo passo: Seleccione uma versão 5–7 itens e registre uma razão sempre que encaminhar para revisão completa.
Elaborado pela Equipe da Dra. Nathalia Cavichiolli.
Dra. Nathalia Cavichiolli — PhD pela USP, com dois pós-doutorados; MBA em Gestão e Docência; experiência internacional na The Ohio State University (EUA); revisora de periódicos científicos pela Springer Nature, com atuação em 37+ revistas, incluindo a Nature; especialista em escrita acadêmica há 15+ anos; pioneira no uso de IA para escrita científica no Brasil; 2.800+ alunos impactados no Brasil e em 15+ países.
Referências
- [F1] – https://pmc.ncbi.nlm.nih.gov/articles/PMC11149763/
- [F3] – https://blog.scielo.org/blog/2025/07/16/desenvolvimento-de-checklist-para-apoiar-a-avaliacao-por-pares-na-epidemiologia-e-servicos-de-saude-revista-do-sus-ress/
- [F6] – https://www.cebm.ox.ac.uk/resources/ebm-tools/critical-appraisal-tools
- [F4] – https://ppgcs.unb.br/images/NORMAS/Anexo_10395964_1_Normas_redacao_teses_dissertacao_Out_05_2023_aprovadapdf.pdf
- [F7] – https://casp-uk.net/casp-tools-checklists/
- [F5] – https://www.ippri.unesp.br/Home/pos-graduacao/biblioteca/ippri_checklist_para_revisao.pdf
- [F9] – https://pmc.ncbi.nlm.nih.gov/articles/PMC11332616/
Atualizado em 24/09/2025