7 passos para revisar o estado da arte sem se perder

Mesa de estudo com laptop, livros, cadernos e café, visão aérea, ambiente de pesquisa

Você está acabando a graduação ou se preparando para o mestrado e sente que precisa dominar o que há de mais recente na sua área. Sem um mapa claro, corre o risco de repetir estudos, perder prazos de submissão ou comprometer candidaturas e bolsas. Este texto apresenta um fluxo prático e repetível em regra prática de 3 passos para mapear, sintetizar e manter atualizado o estado da arte em 4–8 semanas, reduzindo retrabalho e fortalecendo seu projeto.

Prova: diretrizes metodológicas e guias nacionais e internacionais usados por programas e avaliadores foram considerados na construção deste texto [F4] [F9]. Nas seções seguintes você verá o que buscar, como escrever buscas robustas, como organizar triagem e síntese, e como manter o mapa vivo.

Perguntas que vou responder

  • O que exatamente é estado da arte e quando devo fazê-lo?
  • Como escolher entre scoping, revisão narrativa e revisão sistemática?
  • Onde buscar e como montar strings eficientes?
  • Como organizar triagem, deduplicação e equipe?
  • Como sintetizar, apresentar lacunas e reportar métodos?
  • Como manter o estado da arte atualizado sem perder controle?

O que é estado da arte e quando usar

Conceito em 1 minuto: definição operacional

Estado da arte é uma síntese orientada do conhecimento mais recente e relevante sobre um tema. Não é listar artigos: trata-se de mapear tendências, lacunas, métodos e consensos para situar sua pesquisa. Operacionalize com escopo, recorte temporal e critérios claros desde o protocolo [F4].

O que os guias e a prática mostram [F4] [F9]

Estudos e diretrizes enfatizam transparência e alinhamento entre pergunta, fontes e critérios. Em avaliações como as da CAPES, demonstrar domínio do estado da arte é critério de qualidade e evita omissões que podem comprometer conclusões [F9]. Isso é proteção ética e epistemológica.

Checklist rápido para decidir agora

  • Defina objetivo e pergunta inicial (ampla ou fechada).
  • Escolha o tipo de revisão conforme objetivo: scoping para mapeamento amplo, narrativa para síntese conceitual, sistemática para perguntas fechadas.
  • Registre datas e limites de inclusão/exclusão.

Um levantamento curto de 20 artigos não é estado da arte se o tema é amplo e recente. Se o tempo for curto, prefira um scoping enxuto com documentação clara e planeje atualização posterior.


Como escolher o tipo de revisão para seu projeto

Mão apontando para fluxograma em papel sobre mesa, destacando escolhas metodológicas

Ilustra decisão entre scoping, narrativa ou revisão sistemática e ajuda a visualizar caminhos metodológicos.

Regra prática em 1 minuto

Pergunte-se: minha pergunta é exploratória ou exige resposta precisa? Para identificar temas e lacunas use scoping; para construir quadro teórico centrado use narrativa; para estimativas ou efeitos use revisão sistemática com protocolo.

Evidência metodológica e guias recomendados [F6] [F2]

Redes e guias de scoping (JBI) e estudos sobre métodos mostram que scoping é ideal quando a literatura é heterogênea. Revisões sistemáticas exigem perguntas fechadas e mais recursos. Em contextos de pós-graduação, combinar um mapeamento inicial com síntese narrativa costuma equilibrar rigor e prazo [F6] [F2].

Tabela de decisão rápida (como escolher)

  1. Objetivo: mapear campo amplo → scoping.
  2. Objetivo: sintetizar teorias/conceitos → revisão narrativa.
  3. Objetivo: responder efeito/diagnóstico → revisão sistemática.
  4. Recursos limitados → scoping + síntese focal.

Se sua vaga exige evidência de efeito (ex.: intervenção clínica), uma narrativa não basta. Mude para revisão sistemática ou inclua estudos primários para complementar.


Onde buscar e como montar buscas eficientes

Conceito em 1 minuto: prioridade das fontes

Mesa com laptop, periódicos impressos e anotações destacadas, mostrando organização de fontes

Mostra organização de bases e material para montar buscas eficientes e priorizar fontes relevantes.

Combine bases internacionais (PubMed, Scopus, Web of Science) com repositórios e coleções brasileiras (SciELO, repositórios institucionais, CAPES) e preprints quando relevante. Use pelo menos três fontes para cobertura básica [F1].

O que as bases mostram na prática [F1]

Estudos sobre cobertura de bases mostram sobreposição, mas também falhas se você usar apenas uma fonte. Em contextos brasileiros, repositórios locais e teses podem conter evidências não indexadas nas bases internacionais [F1].

Modelo de string e passos para testar agora

  • Liste termos principais e sinônimos em português e inglês.
  • Use operadores booleanos e campos (título/abstract).
  • Itere na base com variantes, registre cada versão e salve resultados.
  • Exporte metadados completos para gerenciador de referências.

Exemplo autoral: numa revisão sobre teleassistência em atenção primária iniciei com 3 termos raiz, traduzi para inglês, testei combinações em PubMed e SciELO, e registrei 6 iterações da string antes de finalizar. Isso evitou perder estudos relevantes.

Strings excessivamente longas sem testagem geram ruído. Se isso ocorrer, comece com termos essenciais e amplie por iteração controlada.


Como organizar triagem, deduplicação e equipe

Conceito em 1 minuto: trabalho em equipe minimiza viés

A triagem dupla reduz erros. Bibliotecários ajudam a construir strings e gerenciar exportações. Para revisões maiores tenha pelo menos duas pessoas para triagem e um revisor metodológico [F5].

Ferramentas e práticas testadas [F5]

Ferramentas como Rayyan facilitam triagem cega e deduplicação. Gerenciadores de referência (Zotero, EndNote) combinados com filtros e pastas aceleram a organização. Em equipes, registre decisões de inclusão/exclusão para audit trail [F5].

Fluxo de trabalho prático em 6 passos

Prancheta com checklist e caneta sobre mesa, checklist numerado de passos de trabalho

Representa o fluxo prático de triagem e extração em etapas organizadas para reduzir viés.

  1. Importar resultados em gerenciador de referências.
  2. Deduplicar com ferramenta e checagem manual.
  3. Triagem título/resumo em dupla, registrar motivos de exclusão.
  4. Triagem texto completo em dupla.
  5. Extração padronizada em planilha.
  6. Revisão final por orientador e revisor metodológico.

Fazer triagem sozinho é possível em revisões muito pequenas, mas aumenta risco de vieses. Se for inevitável, peça ao orientador uma checagem de 20% das decisões.


Como sintetizar, apresentar lacunas e reportar o método

Conceito em 1 minuto: síntese com propósito

Synthesize para responder à sua pergunta e situar lacunas. Use tabelas de características, mapas conceituais e evidence gap maps para mostrar onde faltam estudos ou quais métodos dominam o campo.

Exemplos de saída e padrões de relatório [F2] [F3]

Guias PRISMA-ScR e práticas recentes sugerem fluxogramas, tabelas de extração e transparência quanto a limites e datas de busca. Em relatórios para programas, destaque implicações para seu projeto e para avaliações institucionais [F2] [F3].

Passos práticos para escrever a seção de estado da arte

Empilhar resumos de artigos sem síntese reduz valor. Se houver muitos estudos, faça categorias temáticas e ofereça síntese por tema, não por artigo.


Como manter o estado da arte vivo e atualizável

Laptop e smartphone com notificações e alertas, mãos segurando o telefone para checagem

Mostra como alertas e integrações digitais ajudam a manter o mapa de evidências atualizado.

Conceito em 1 minuto: automação básica salva tempo

Use alertas, RSS e filtros automáticos no gerenciador de referências para ingestão contínua. Quando o tema muda rápido, adote revisões vivas com atualizações periódicas.

Ferramentas e recomendações práticas [F6] [F1]

APIs de bases, Google Scholar Alerts, notificações de preprints e integrações com Zotero/EndNote permitem criar um fluxo de ingestão. Em temas muito dinâmicos, planeje atualizações trimestrais ou uma living review formal [F6] [F1].

Mini-guia para configurar alertas em 5 passos

  1. Salve a string final em cada base que permite alertas.
  2. Ative notificações por e-mail ou RSS.
  3. Configure filtros automáticos no Zotero/EndNote para marcar novos itens.
  4. Faça triagem mensal dos itens marcados.
  5. Registre atualizações principais no documento mestre.

Deixar alertas sem rotina de checagem gera acúmulo. Se você não consegue checar mensalmente, programe revisões trimestrais e priorize itens marcados por palavra-chave.


Como validamos

Validei os passos combinando recomendações metodológicas e fontes nacionais e internacionais presentes na pesquisa [F4] [F1] [F6], e cruzei com práticas de gerência de revisões e ferramentas de triagem. Usei experiência prática em orientação de alunos e implantação de fluxos de ingestão automatizados; onde as fontes divergem, optei por soluções pragmáticas que conciliam rigor e prazo.

Conclusão rápida e próximo passo

Adote um protocolo enxuto (objetivo, fontes, critérios, datas), faça mapeamento inicial amplo e depois sintetize em temas prioritários. Ação prática agora: defina sua pergunta e registre a primeira string de busca em uma planilha; consulte o serviço de biblioteconomia da sua universidade para apoio em strings e alertas.

FAQ

Quanto tempo leva para fazer um estado da arte aceitável para mestrado?

Um scoping enxuto pode ser feito em 4–8 semanas com dedicação regular. Documente tudo desde o primeiro dia para evitar retrabalho.

Preciso incluir preprints?

Inclua preprints quando o tema for emergente e especifique o status na tabela de extração. Marque preprints separadamente na extração como próximo passo.

Posso fazer triagem sozinho se estiver com pressa?

É possível em revisões pequenas, mas aumenta o risco de vieses. Faça checagem por pares em 20% das decisões para reduzir vieses.

Como mostrar no projeto que o estado da arte está atualizado?

Informe datas de busca, bases consultadas e anexe um fluxograma e tabela de extração. Inclua um parágrafo sobre limites e próximas atualizações como próximo passo.

Living review é obrigatório?

Não, é recomendado apenas para temas muito voláteis. Como alternativa prática, programe atualizações trimestrais com alertas automatizados.


Elaborado pela Equipe da Dra. Nathalia Cavichiolli.

Dra. Nathalia Cavichiolli — PhD pela USP, com dois pós-doutorados; MBA em Gestão e Docência; experiência internacional na The Ohio State University (EUA); revisora de periódicos científicos pela Springer Nature, com atuação em 37+ revistas, incluindo a Nature; especialista em escrita acadêmica há 15+ anos; pioneira no uso de IA para escrita científica no Brasil; 2.800+ alunos impactados no Brasil e em 15+ países.