Você corre o risco de perder autoria ao usar IA de forma pouco transparente, o que pode levar a reprovação ou retrabalho. Há risco concreto de questionamento institucional se funções não forem registradas; este texto apresenta práticas concretas, um modelo de declaração, e uma regra prática de 3 passos para integrar IA em cinco etapas da redação, protegendo sua originalidade e aumentando a chance de aprovação.
Diagnóstico rápido: informacional, como fazer.
Muitos mestrandos e recém-formadas sentem-se tentadas a deixar a IA fazer boa parte do texto, e com razão: produtividade chama atenção. O problema é quando a voz, a interpretação e a responsabilidade intelectual são diluídas ou mal declaradas, levando a reprovação ou retrabalho.
Neste texto você vai aprender práticas concretas para usar ia sem perder autoria, como documentar ferramentas e prompts, e quais passos seguir antes de submeter a dissertação.
Usar IA pode acelerar revisão e clareamento de texto, mas a aprovação depende de transparência: registre ferramenta, versão e prompts; edite tudo na sua voz; verifique fontes primárias; declare o uso na submissão; e valide com o orientador.
Perguntas que vou responder
- Vale a pena usar IA no mestrado e na dissertação?
- Como declarar o uso de IA em submissões e na banca?
- Como garantir que a originalidade e a autoria fiquem com você?
- Qual o passo a passo prático para integrar IA sem risco?
- Quais ferramentas e dados devo documentar agora?
- Quais erros comuns comprometem a aprovação e como evitá-los?
Vale a pena usar IA no mestrado e na dissertação?

Sinaliza erros comuns e a importância de revisão e verificação antes da submissão.
Conceito em 1 minuto
IA na escrita acadêmica significa usar modelos de linguagem e ferramentas de auxílio para rascunhos, revisão linguística, extração de referências e síntese de literatura; a máquina apoia processos, não substitui a autoria intelectual que inclui concepção, análise e interpretação.
O que as diretrizes e estudos mostram [F1][F2]
Diretrizes brasileiras destacam ganhos de eficiência em revisão de literatura e clareamento textual, mas alertam para riscos de vieses, afirmações incorretas e problemas de autoria. Declaração de uso e documentação reduzem riscos e favorecem aceitação editorial [F1][F2].
Checklist rápido para decidir
- Liste a atividade: revisão, rascunho, edição ou análise auxiliar.
- Pese benefício vs. risco: economia de tempo contra verificação de fatos.
- Combine uso com validação humana: peça opinião do orientador antes de submeter.
Quando isso não funciona, por exemplo quando a pesquisa exige análise crítica original e a IA propõe interpretações prontas: evite usar IA para gerar interpretações finais. Use-a apenas para organizar ideias e depois reescreva na sua voz.

Ilustra como documentar e declarar o uso de IA em submissões e bancas.
Como declarar o uso de IA em submissões e na banca?
Conceito em 1 minuto
Declarar significa explicar qual ferramenta foi usada, em que etapa, versão e quais prompts ou parâmetros foram essenciais; a transparência demonstra responsabilidade intelectual e permite que avaliadores entendam a contribuição humana.
Exemplos e recomendações de guias [F1][F6]
Guias institucionais e manuais de uso apresentam modelos de declaração para métodos e acknowledgments. Universidades brasileiras oferecem templates que sugerem indicar: ferramenta, versão, data, finalidade e nível de automação [F1][F6].
Modelo de declaração para incluir na submissão
- Ferramenta: nome e versão.
- Função: revisão de linguagem, geração de rascunho, extração de referências.
- Data e prompts principais (resumo ou arquivo anexo).
- Responsabilidade: autoras mantêm responsabilidade integral pelo conteúdo.
Quando isso não funciona: se o periódico proíbe qualquer menção ou exige práticas específicas, siga a exigência do periódico e peça orientação do departamento; não omita informações por conta própria.
Como garantir que a originalidade e a autoria fiquem com você?
Conceito em 1 minuto
Originalidade é a contribuição conceitual, metodológica e interpretativa do pesquisador; autoria exige que decisões intelectuais e responsabilidades finais sejam humanas e documentadas.

Refere-se às políticas institucionais que orientam responsabilidades e boas práticas no uso de IA.
O que os órgãos acadêmicos enfatizam [F5]
Comitês de ética e princípios institucionais reiteram que autores humanos assumem responsabilidade por veracidade, interpretação e referências, mesmo quando a IA foi usada como ferramenta de apoio [F5].
Passos práticos para manter autoria:
- Reescreva interpretações e conclusões em sua voz.
- Faça anotações de como a IA influenciou cada seção.
- Inclua no anexo ou arquivo suplementar os prompts e outputs relevantes.
Quando isso não funciona: se a IA gerou ideias substanciais que você não consegue justificar, rescinda o uso e desenvolva uma explicação humana; se necessário, discuta a situação com o orientador antes de declarar.
Baixe a checklist de validação e compartilhe com seu orientador em 72h.
Qual o passo a passo prático para integrar IA sem risco?
Conceito em 1 minuto
Trate a IA como uma ferramenta em etapas: planejamento, geração de bruto, edição humana, verificação e documentação; cada etapa tem controles mínimos.

Apresenta um checklist prático para seguir as etapas de uso da IA em uma dissertação.
Exemplo real na prática
Exemplo autoral: numa orientação recente, usei IA para mapear 120 artigos e produzir um esboço; a orientanda validou cada síntese, reescreveu as seções de discussão e anexou os prompts. A banca elogiou a clareza; não houve questionamento sobre autoria.
Passo a passo aplicável (foco em dissertação)
- Planeje: defina funções da ia no protocolo.
- Gere: use IA para rascunho inicial ou sumarização, marque outputs.
- Edite: reescreva tudo em sua voz, acrescente argumentação própria.
- Verifique: confira citações em fontes primárias e rode checagem de originalidade.
- Documente: registre ferramenta, versão, prompts e datas; anexe quando necessário.
Quando isso não funciona: se houver dados originais analisados por IA cujo método não pode ser auditado, pare e escolha métodos transparentes reproduzíveis; prefira ferramentas com logs exportáveis.
Quais ferramentas usar e como documentar seu processo?
Conceito em 1 minuto
Ferramentas vão de modelos de linguagem a geradores de citações; documentar envolve anotar nome, versão, parâmetros, prompts e escopo de uso.
O que as diretrizes sugerem [F1][F3]
Manuais e artigos recomendam registro detalhado de prompts, versão da ferramenta e data; também indicam não listar ferramentas como coautoras e sempre validar referências geradas automaticamente [F1][F3].
Modelo de registro (template rápido)
- Ferramenta: nome e versão.
- Finalidade: revisão de literatura, rascunho, verificação linguística, análise auxiliar.
- Prompts principais: guardar respostas e prompts em arquivo anexo.
- Verificação: checar X% das referências e salvar evidências de checagem.
Quando isso não funciona: ferramentas fechadas que não permitem histórico exportável dificultam auditoria; prefira softwares que registrem sessão ou mantenha logs manuais com capturas de tela.
Quais erros comuns comprometem a aprovação e como evitá-los?
Conceito em 1 minuto
Erros típicos incluem: omissão da declaração de uso, confiar cegamente na IA para fatos, não reescrever interpretações e perda de controle sobre referências.
Evidências de falhas e recomendações [F2][F3]
Relatos institucionais mostram casos de rejeição por falta de transparência e de retratações por citações incorretas geradas por IA. Revisões cuidadosas e documentação reduzem essas ocorrências [F2][F3].
Checklist de prevenção antes da submissão
- Declare o uso no formulário ou no próprio manuscrito.
- Verifique manualmente todas as referências citadas pela ia.
- Reescreva conclusões e métodos em sua voz.
- Consulte seu orientador e a política do periódico/IES.
Quando isso não funciona: se você já submeteu e a instituição questionar a autoria, comunique o orientador e a pró-reitoria imediatamente; prepare documentação do uso e das verificações realizadas.
Revisamos diretrizes institucionais brasileiras, posts de editoras e artigos acadêmicos compilados por comitês universitários. Cruzamos recomendações práticas com exemplos reais de orientação e com relatos institucionais sobre riscos e aceitações. Onde as normas variam, optamos por práticas conservadoras de transparência e documentação.
Conclusão, resumo e chamada à ação
Resumo: sim, você pode usar ia na escrita acadêmica sem perder originalidade se delimitar funções, documentar ferramentas e prompts, reescrever em sua voz, verificar fontes e declarar o uso.
Ação prática agora: salve um arquivo com nome “Registro-IA-Nome-Data” listando ferramenta, versão, prompts e trechos gerados, e compartilhe com seu orientador.
FAQ
Preciso declarar o uso de IA na entrega ao programa?
Sim: declarar o uso reduz o risco de questionamento posterior. Inclua a declaração e consulte o departamento para seguir as exigências locais.
Posso usar IA para escrever a introdução inteira?
Sim, como rascunho inicial, desde que a versão final seja sua: reescreva e acrescente suas ideias e citações primárias antes de submeter. Próximo passo: transforme o rascunho em texto com autoria claramente atribuída a você.
Como registrar prompts sem expor dados sensíveis?
Use um resumo essencial do prompt e remova dados pessoais: armazene em arquivo institucional seguro. Ação imediata: salve apenas o trecho necessário e mantenha a versão em repositório protegido.
Ferramenta X produz citações erradas; e agora?
Cheque diretamente as fontes primárias e corrija ou remova referências incorretas: não confie na IA para validação bibliográfica sem verificação manual. Próximo passo: valide as referências citadas e atualize o registro de verificação.
O orientador diz que IA é proibida; como procedo?
Respeite a orientação local e documente sua decisão: siga a política do orientador ou do colegiado. Se houver discordância, leve o tema ao colegiado ou à pró-reitoria com o guia institucional como suporte.
Elaborado pela Equipe da Dra. Nathalia Cavichiolli.
Dra. Nathalia Cavichiolli — PhD pela USP, com dois pós-doutorados; MBA em Gestão e Docência; experiência internacional na The Ohio State University (EUA); revisora de periódicos científicos pela Springer Nature, com atuação em 37+ revistas, incluindo a Nature; especialista em escrita acadêmica há 15+ anos; pioneira no uso de IA para escrita científica no Brasil; 2.800+ alunos impactados no Brasil e em 15+ países.
Referências
- [F1] – https://prpg.unicamp.br/wp-content/uploads/sites/10/2025/01/livro-diretrizes-ia-1.pdf
- [F2] – https://blog.scielo.org/blog/2025/02/05/pesquisadores-lancam-diretrizes-iag/
- [F3] – https://www.scielo.br/j/eb/a/SJk53dtyBBfVq583TJhtGTz/?format=pdf&lang=pt
- [F5] – https://gedai.ufpr.br/iag-principios-eticos-e-boas-praticas/
- [F6] – https://prpg.unicamp.br/noticias/lancamento-diretrizes-para-o-uso-etico-e-responsavel-da-inteligencia-artificial-generativa-um-guia-pratico-para-pesquisadores/
Atualizado em 24/09/2025