Tabelas e figuras no artigo

Mesa organizada com laptop, gráficos impressos e tabela ao lado de caderno e caneta

Se suas imagens ficam “quase prontas” e voltam do parecer com pedidos de ajuste, este guia mostra como acertar de primeira. Neste guia how-to, você vai planejar, formatar e revisar tabelas e figuras em artigos científicos de forma autoexplicativa, seguindo boas práticas editoriais e evitando retrabalho.

Tabela impressa e gráfico simples lado a lado em fundo branco
Elementos gráficos que sintetizam dados, métodos e resultados.

O que é tabelas e figuras em artigos científicos

Tabelas e figuras em artigos científicos são elementos gráficos que sintetizam dados, métodos e resultados para leitura rápida e precisa, complementando o texto do manuscrito. Bem executadas, elas comunicam descobertas-chave com clareza e economia de espaço.

Por que caprichar em visualizações: princípios que guiariam um editor exigente

A excelência gráfica combina substância, estatística e design. Para isso, aplique estes quatro princípios:

  • Clareza, precisão e eficiência na comunicação.
  • Máximo de ideias com o mínimo de “tinta” (economia visual).
  • Exibição honesta dos dados, sem distorções.
  • Conexão direta com as perguntas de pesquisa e as análises estatísticas.

Se ainda estiver montando o manuscrito, consulte seu conteúdo pilar sobre estrutura de artigo e mantenha um gerenciador de referências e um cronograma de escrita para alinhar o tempo de produção com as versões de coautores.

O que vai em tabela e o que vai em figura

  • Tabelas favorecem comparação detalhada e leitura por linhas/colunas (características, amostras, resultados numéricos).
  • Figuras favorecem padrões, tendências e relações (gráficos de linha/coluna, boxplots, fluxogramas, mapas, ilustrações de métodos).
  • A maioria dos periódicos permite 5–6 ilustrações no corpo; excedentes vão para material suplementar.
  • Se um leitor “externo” compreende a mensagem sem ler o texto, o elemento é autoexplicativo e está pronto para revisão.

Critérios práticos de escolha

  • Se o foco é magnitude e direção: gráfico.
  • Se o foco é granularidade e valores precisos: tabela.
  • Se há muitas categorias/variáveis: avalie dividir em painéis (“A, B, C”) ou mover parte para o suplemento.

Como formatar tabelas e figuras em artigos científicos

  • Referencie no texto em ordem cronológica (Tabela 1, Figura 1…).
  • Em submissões, é comum posicioná-las após as referências; verifique se a revista pede arquivos separados.
  • Título: em tabelas, no topo; em figuras, abaixo.
  • Cheque formatos e resolução exigidos (TIFF, JPEG, PNG; p.ex., 300–600 dpi) no guia da revista.
  • Mantenha consistência de termos, grupos e nomenclaturas entre texto, tabelas e figuras.

Integração com o texto

  • Não repita números no corpo do artigo; destaque somente as descobertas principais que a figura/tabela demonstra.
  • Faça os “ganchos” textuais antes da exibição: “Como mostrado na Figura 2…”, sempre na ordem em que aparecem.
Mão escrevendo título e legenda em caderno com anotações
Títulos informativos e legendas que explicam abreviações, unidades e níveis de P.

Títulos e legendas autoexplicativos

  • Títulos informativos e específicos: digam “o quê, onde e quando” (amostra, variável principal, contexto).
  • Legendas devem:
    • Explicar abreviações e símbolos.
    • Indicar escalas e unidades de medida.
    • Informar níveis de significância (P<0,05; P<0,01; P<0,001).
  • Unidades nos cabeçalhos das colunas/linhas, não dentro das células.
  • Títulos de coluna curtos (máx. 2 linhas); ordene comparações da esquerda para a direita, e linhas de cima para baixo em lógica clara (geral→subamostras).
Gráfico de barras em escala de cinza com alto contraste sobre papel
Uso de P&B e padrões para preservar contraste e acessibilidade sem custos extras.

Cores e estilo sem perder legibilidade (e sem pagar taxas desnecessárias)

  • Muitos periódicos cobram por figuras coloridas; prefira preto e branco/escala de cinza sempre que preservar contraste e leitura.
  • Em tabelas, use apenas linhas horizontais para separar cabeçalhos; evite linhas verticais. Para tabelas largas, considere orientação paisagem.
  • Teste padrões e hachuras para distinguir séries em P&B; não dependa de cor para codificar informação crítica (acessibilidade).

Permissões e ética no uso de imagens

  • Obtenha permissão escrita para reutilizar figuras/tabelas de terceiros e aponte claramente a fonte na legenda.
  • Siga as recomendações do ICMJE para preparo e responsabilidade autoral (ICMJE, 2025) ao decidir sobre reutilização e transparência.
  • Muitas revistas exigem anexar a autorização no envio; por exemplo, veja as exigências de reutilização e documentação em instruções de autores de revistas clínicas (PAIN, 2024).
  • Em disputas de autoria ou crédito, recorra às orientações da COPE e registre as contribuições. A ordem poderá mudar se as contribuições mudarem.
Checklist numerado em prancheta ao lado de laptop visto de cima
Sequência de sete etapas para acertar figuras e tabelas na primeira submissão.

Passo a passo

  1. Selecione descobertas-chave

    Defina quais resultados realmente precisam de visualização. Limite o corpo do artigo a 5–6 elementos; excedentes vão ao suplemento.

  2. Decida entre tabela ou figura

    Padrões e tendências em figura; detalhe numérico em tabela. Divida em painéis se necessário.

  3. Escreva títulos e legendas autoexplicativos

    Contextualize amostra e variável; explique abreviações, escalas e níveis de significância.

  4. Padronize unidades e nomenclaturas

    Coloque unidades nos cabeçalhos; uniformize termos entre texto, eixos e colunas.

  5. Formate arquivos e resolução

    Gere nos formatos e dpi exigidos; nomeie arquivos de forma rastreável (Fig1_metodo.tif).

  6. Integre ao texto na ordem correta

    Cite Tabela/Figura na ordem de aparecimento; evite duplicação de dados no corpo.

  7. Revise com leitor externo

    Peça a alguém de fora do estudo para validar se cada elemento é autoexplicativo; ajuste antes da submissão.

Micro-case

Em um artigo com 9 visualizações, mantivemos 6 figuras no corpo e movemos 3 tabelas detalhadas para o suplemento. Ao padronizar unidades nos cabeçalhos e escrever legendas que explicavam abreviações e níveis de P, o parecer editorial não solicitou cortes ou reordenação das ilustrações, acelerando a aceitação após revisão menor.

Checklist

  • Escolha as descobertas-chave que merecem visualização.
  • Defina se cada resultado pede tabela ou figura.
  • Crie títulos claros e informativos.
  • Escreva legendas autoexplicativas (abreviações, unidades, P).
  • Evite repetir dados no texto; destaque apenas o essencial.
  • Use apenas linhas horizontais em tabelas; evite verticais.
  • Garanta legibilidade em P&B; não dependa só de cor.
  • Inclua unidades nos cabeçalhos, não nas células.
  • Verifique formatos, resolução e envio em arquivos separados.
  • Insira cada tabela/figura em nova página (após referências) quando aplicável.

Resumo

Tabelas e figuras sólidas nascem de escolhas deliberadas, legendas autoexplicativas e formatação fiel às exigências do periódico. Foque no que importa, padronize unidades e termos e valide com um leitor externo antes de submeter.

CTA: Baixe o modelo de esqueleto e duplique a planilha de cronograma — em 15 min você sai com um roteiro publicável.

FAQ

Pergunta: Como começar tabelas e figuras em artigos científicos do zero quando o tempo é curto?
Resposta: Liste 3–5 descobertas-chave e decida para cada uma se comunica melhor como figura (padrão) ou tabela. Esboce títulos/legendas com amostra, variável e unidade; isso guia o restante da produção e evita retrabalho.

Pergunta: Quanto reservar de espaço no manuscrito para elementos gráficos sem ultrapassar limites da revista?
Resposta: Planeje 5–6 elementos no corpo e mova o restante para o suplemento. Use painéis (A, B, C) quando fizer sentido, mantendo legibilidade e limites de tamanho da revista.

Pergunta: Quais critérios usar para decidir se um resultado vira tabela ou figura?
Resposta: Se o leitor precisa enxergar tendência, diferenças ou distribuição, escolha figura; se precisa comparar valores exatos ou muitas categorias, escolha tabela. Teste com um leitor externo: se ele entende a mensagem em 10–15 segundos, a escolha foi adequada.

Pergunta: Como garantir qualidade e evitar erros comuns em títulos e legendas?
Resposta: Escreva títulos informativos (o quê, onde, quando) e legendas que expliquem abreviações, unidades e níveis de P. Coloque unidades nos cabeçalhos, não nas células, e mantenha termos consistentes entre texto, eixos e colunas.

Pergunta: O que observar sobre permissões e reutilização de imagens de terceiros?
Resposta: Solicite permissão escrita e cite a fonte na legenda; alguns periódicos pedem anexar os comprovantes. Consulte recomendações do ICMJE (2025) e siga as exigências de revistas clínicas sobre reutilização (PAIN, 2024).

Pergunta: Quando finalizar dados, figuras e métodos para evitar retrabalho na discussão?
Resposta: Finalize tabelas/figuras após consolidar a análise principal e antes de redigir a discussão; isso evita reescrever interpretações. Fixe nomenclaturas e unidades nessa etapa para manter consistência até a submissão.

Pergunta: O que fazer se, após duas semanas, as visualizações ainda não estiverem claras?
Resposta: Reduza escopo: priorize 5–6 elementos centrais, converta excesso para suplemento e reescreva legendas para ficarem autoexplicativas. Se persistir, peça revisão de um colega externo e ajuste conforme o feedback.

Fontes externas citadas:

  • Recomendações do ICMJE sobre preparo de manuscritos (ICMJE, 2025).
  • Instruções de autores com exigências de reutilização e permissões (PAIN, 2024).

Atualizado em 22/09/2025

Diretrizes consultadas: ICMJE; COPE.