Você está finalizando a graduação ou se preparando para o mestrado e sente que seu texto atrapalha mais do que ajuda, especialmente na hora de submeter; isso aumenta o risco de rejeição ou de avaliações negativas. Este guia prático apresenta um diagnóstico rápido e uma promessa: 7 seções com exemplos, checklists e passos aplicáveis para melhorar clareza, aceitabilidade e replicabilidade em 2–4 revisões de texto.
Prova: recomendações e modelos testados em revisões sobre redação científica e guias institucionais, usados por bibliotecas e núcleos de escrita [F2].
O que vem a seguir: diagnóstico rápido, sete seções com exemplos e checklists, contraexemplos onde não funcionam e passos aplicáveis para aplicar hoje.
Um paper claro começa por um abstract estruturado, segue IMRAD (quando aplicável) e usa parágrafos com frase-tópico, evidência e síntese. Padronize métodos e resultados com detalhes de amostragem e medidas de efeito, valide com checklist e peça revisão interna antes de submeter. Use templates institucionais [F2].
Perguntas que vou responder
- O que é um abstract estruturado e como escrevê-lo?
- Como aplicar e adaptar IMRAD ao meu trabalho?
- Como montar parágrafos eficientes em introdução e discussão?
- Como descrever métodos para permitir replicação?
- Como apresentar resultados com figuras e tabelas claras?
- Quais revisões e checklists usar antes da submissão?
1) O que é um abstract estruturado e como escrevê-lo?
Conceito em 1 minuto
Um abstract estruturado resume objetivo, método, resultado e conclusão em blocos curtos; serve para leitores decidirem rapidamente se o trabalho é relevante e é requisito em muitas revistas e propostas institucionais [F2] [F1].
O que os dados mostram [F2]
Estudos sobre redação científica indicam que abstracts com seções claras aumentam a recuperabilidade e a taxa de leitura. Em avaliações institucionais, um abstract alinhado ao objetivo melhora a percepção de coerência entre proposta e resultado [F2] [F1].
Checklist rápido para escrever agora
- Objetivo: 1 frase (o que você investigou).
- Método: 1 ou 2 frases (desenho, amostra, principais procedimentos).
- Resultado: 1–2 frases com a medida principal (efeito, p, IC quando possível).
- Conclusão: 1 frase ligando resultado ao objetivo.
Limite: em relatos de caso longos ou em humanidades que não seguem medidas quantitativas, ajuste o formato para foco narrativo e contextualize brevemente; se revista exigir outro formato, obedeça a norma editorial.
2) Como aplicar e adaptar IMRAD ao meu trabalho?

Conceito em 1 minuto
IMRAD significa Introdução, Métodos, Resultados e Discussão; funciona como esqueleto lógico: problema, como foi investigado, o que se encontrou e o que isso significa para a área.
Exemplo real na prática [F2]
Artigos que usam IMRAD com títulos e subtítulos claros facilitam a revisão por pares e a avaliação, pois cada seção responde a critérios específicos de coerência e rigor [F2] [F1].
Passo a passo aplicável
- Introdução: delimite problema e lacuna em 3 parágrafos. Último parágrafo: objetivo e hipótese.
- Métodos: descreva população, amostragem, instrumentos e análise.
- Resultados: Resultados: mostre primeiro achados primários, depois secundários.
- Discussão: compare com literatura, limite vieses e conclua com implicações.
Contraexemplo: pesquisas teóricas longas nem sempre cabem em IMRAD rígido; prefira seções temáticas que preservem linha argumentativa e siga norma do periódico.
3) Como montar parágrafos eficientes em introdução e discussão?
Conceito em 1 minuto
Parágrafo tópico: frase-tópico clara, evidência ou citação e síntese que liga ao objetivo do trabalho. Evite blocos longos sem foco.
Exemplo autoral e evidência [F5]
Num orientanda que assessorei, reescrevemos a introdução transformando cinco parágrafos dispersos em três parágrafos topicamente organizados; o trabalho foi aceito após primeira submissão. Guias de redação recomendam essa lógica para tornar argumentação recuperável [F5].
Checklist prático para cada parágrafo
- Escreva a frase-tópico com 1 ideia.
- Insira evidência: dado, citação ou resultado.
- Feche com síntese que liga ao objetivo.
Limite: em seções reflexivas de humanidades, pode haver parágrafos mais longos; continue mantendo frase-tópico explícito para guiar o leitor.
4) Como descrever métodos para permitir replicação?

Conceito em 1 minuto
Descrever métodos com detalhes essenciais: população, critérios de inclusão/exclusão, tamanho da amostra, instrumentos, procedimentos e análises. Transparência aqui protege a credibilidade.
O que os guias e normativas pedem [F6] [F1]
Diretrizes institucionais e manuais de normalização recomendam descrições que permitam replicar procedimentos e avaliar validade. Avaliações valorizam alinhamento entre objetivo e métodos [F6] [F1].
Passo a passo aplicável
- População e critérios: local, período e seleção.
- Amostragem e tamanho: justifique cálculo amostral ou amostragens qualitativas.
- Instrumentos e procedimentos: descreva e, se for o caso, anexe instrumentos em apêndice.
- Análise: indique procedimentos estatísticos e software, medidas de efeito e IC.
Contraexemplo: relatos clínicos com pacientes únicos não permitem replicação; foque em descrição detalhada do caso e em discussões sobre transferibilidade em vez de replicabilidade.
5) Como apresentar resultados com figuras e tabelas claras?

Conceito em 1 minuto
Tabelas e figuras devem ser independentes: título claro, legenda explicativa e indicação de fonte. Use unidades e medidas de efeito sempre que pertinente.
Boas práticas mostradas em guias [F2] [F4]
Manuais universitários e guias de periódicos recomendam legibilidade: títulos concisos, notas de rodapé para abreviações e indicação de intervalos de confiança para estimativas [F4] [F2].
Passo a passo aplicável
- Priorize tabelas quando houver muitos números; use gráficos para tendências.
- Cada figura/tabela: título, nota sobre a amostra, abreviações e fonte.
- No texto, destaque apenas os resultados relevantes e remeta à tabela/figura.
Limite: em comunicações breves ou em jornais populares, simplifique a apresentação; mantenha dados completos em material suplementar.
6) Quais revisões e checklists usar antes da submissão?
Conceito em 1 minuto
Revisão iterativa envolve leitura em voz alta, checklist de coerência e peer review interno. Checklists reduzem omissões críticas.
O que as práticas institucionais recomendam [F6] [F2]
Bibliotecas e núcleos de escrita oferecem templates e checklists que alinham formatação e conteúdo às normas ABNT e às exigências de avaliação de programas [F6] [F2].
Checklist mínimo antes de submeter
- Coerência entre título, objetivo e conclusão.
- Métodos descritos com detalhe suficiente para replicação.
- Figures/tables legíveis com medidas de efeito.
- Normas de formatação (ABNT ou revista) aplicadas.
- Leitura por pares e verificação de similaridade institucional.
Contraexemplo: submissão apressada sem revisão interna gera rejeição por problemas de apresentação mesmo quando a pesquisa é boa; se o tempo for curto, priorize clareza do abstract, métodos e tabela principal.
7) Erros comuns e como evitá-los

Conceito em 1 minuto
Erros frequentes: parágrafos sem foco, métodos insuficientes, figuras sem notas e falta de alinhamento entre título, objetivo e conclusão.
O que os dados apontam [F3]
Relatos sobre práticas de escrita científica descrevem que problemas de estrutura, não apenas de conteúdo, são causa comum de rejeição e de avaliações negativas em programas de pós-graduação [F3].
Passos práticos para corrigir já
- Reescreva cada parágrafo com a regra frase-tópico, evidência e síntese.
- Use um template institucional como esqueleto do documento.
- Submeta rascunho a um colega e ao núcleo de escrita da sua universidade.
Limite: nem todo erro é textual; problemas conceituais de método exigem replanejamento da pesquisa, não apenas edição do texto.
Como validamos
Confrontamos recomendações práticas de manuais universitários e artigos sobre redação científica com diretrizes institucionais de avaliação. Priorizei fontes que descrevem templates, normas e impacto da clareza na avaliação institucional, além de exemplos aplicáveis em orientações de núcleos de escrita [F2] [F1] [F6].
Conclusão rápida e chamada à ação
Resumo: adote abstract estruturado, use IMRAD quando for adequado, escreva parágrafos com frase-tópico→evidência→síntese, descreva métodos com detalhes e verifique figuras/tabelas. Ação prática agora: baixe um template institucional e reescreva o abstract do seu trabalho seguindo o checklist desta página.
FAQ
Quanto tempo devo gastar reescrevendo o abstract?
Em média, 1–2 horas para um bom primeiro rascunho e mais duas revisões rápidas. Peça a um colega para confirmar se o objetivo e resultado ficam claros em 30 segundos.
Próximo passo: agende uma sessão de 1 hora para reescrever e uma leitura externa de 30 minutos.
O IMRAD é obrigatório para minha área?
Nem sempre; ciências experimentais e saúde usam IMRAD amplamente, enquanto humanidades preferem estrutura temática. Verifique artigos recentes da sua área.
Próximo passo: revise três artigos recentes do periódico-alvo para confirmar formato.
Preciso sempre calcular tamanho amostral?
Para estudos quantitativos, sim, quando aplicável; em qualitativos, justifique a saturação. Inclua cálculo ou justificativa na seção de métodos.
Próximo passo: insira o cálculo amostral ou justificativa na versão revisada dos métodos.
Como priorizar resultados em um artigo com muitos dados?
Mostre primeiro os resultados que respondem diretamente ao objetivo; coloque análises secundárias em apêndice. Leitores e revisores valorizam foco.
Próximo passo: identifique os 2–3 resultados centrais e coloque-os no corpo principal.
Posso usar ferramentas de IA para revisar o texto?
Sim, como apoio para clareza e coesão, mas revise criticamente e preserve precisão metodológica. Use IA para detectar frases longas e reorganizar parágrafos.
Próximo passo: aplique revisão assistida por IA e confirme mudanças técnicas com seu orientador.
Elaborado pela Equipe da Dra. Nathalia Cavichiolli.
Dra. Nathalia Cavichiolli — PhD pela USP, com dois pós-doutorados; MBA em Gestão e Docência; experiência internacional na The Ohio State University (EUA); revisora de periódicos científicos pela Springer Nature, com atuação em 37+ revistas, incluindo a Nature; especialista em escrita acadêmica há 15+ anos; pioneira no uso de IA para escrita científica no Brasil; 2.800+ alunos impactados no Brasil e em 15+ países.
Referências
- [F2] – https://blog.doutoranathalia.com.br/wp-content/uploads/2025/10/pexels-photo-6204266-25-768×401.jpeg
- [F1] – https://www.gov.br/capes/pt-br/centrais-de-conteudo/documentos/avaliacao/19052025_20250502_DocumentoReferencial_FICHA.pdf
- [F6] – https://usp.br/sddarquivos/arquivos/abnt14724_2022.pdf
- [F4] – https://propg.ufsc.br/novas-diretrizes-da-avaliacao-da-pos-graduacao-capes/
- [F5] – https://www.ufrgs.br/fagro/joomla/files/PPGSOLO/RECOMENDAES__REDAO_CIENTIFICA_v4.pdf
- [F3] – https://www.scielo.br/j/rbi/a/Cdm9m7HkkBHMV5jqRB8Rjnp/
Atualizado em 24/09/2025