Você sente pressão para submeter um trabalho bem escrito, mas tem pouco tempo e medo de que o uso de inteligência artificial comprometa a autoria. Neste texto você vai aprender práticas concretas para usar IA como apoio na revisão, sem substituir sua voz nem perder crédito acadêmico.
Prova: diretrizes e estudos recentes apontam que ferramentas automatizadas ajudam na forma e clareza, desde que haja supervisão humana e transparência [F2][F1]. O que vem a seguir: perguntas respondidas, quatro formas práticas, exemplos de fluxo, ferramentas e um checklist para aplicar hoje.
A IA pode acelerar correções formais, sugerir melhorias de estilo, padronizar referências e identificar inconsistências, desde que o autor revise cada sugestão e declare o uso quando exigido. Use as dicas abaixo para aplicar imediatamente e com segurança.
Perguntas que vou responder
- O que exatamente posso delegar à IA sem perder autoria?
- Quais riscos éticos devo evitar?
- Como aplicar as quatro formas passo a passo?
- Que ferramentas e configurações protegem meu manuscrito?
- Como documentar e declarar o uso de IA ao submeter?
- Quais erros comuns sabotam o processo?
1) Correção gramatical e ortográfica automatizada
Conceito em 1 minuto: quando usar e quando não usar
Corretores automáticos corrigem ortografia, concordância e pontuação. Use-os para eliminar erros formais que distraem o leitor, não para reescrever argumentos ou fórmulas teóricas. Sempre valide alterações que mudem sentido.
O que os estudos mostram [F2]
Pesquisas sobre ferramentas de apoio indicam redução de erros formais e aceleração do ciclo de revisão, com ganho de tempo para tarefas analíticas [F2]. Em paralelo, guias nacionais alertam para a necessidade de transparência no uso dessas ferramentas [F1].
Checklist prático para aplicar agora
- Configure a ferramenta para não reescrever parágrafos automaticamente.
- Aplique checagem ortográfica + revisão manual de cada sugestão.
- Registre alterações significativas em um documento de controle.
Contraexemplo: confiar cegamente no corretor em textos com jargão técnico. O que fazer: peça revisão de especialista ou orientador antes da submissão.
2) Ajuste de legibilidade e estilo, sem apagar sua voz

O que é e onde costuma falhar
Ferramentas sugerem paráfrases e frases mais claras. Isso funciona bem para fluxo e concisão, mas pode suavizar nuances teóricas ou remover termos técnicos essenciais. Seja seletiva ao aceitar mudanças.
Exemplo real e apoio de diretrizes [F2]
Estudos mostram que sugestões de legibilidade aumentam clareza, especialmente em seções de métodos e resultados, mas exigem revisão humana para preservar precisão conceitual [F2]. Em políticas institucionais brasileiras, recomenda-se documentar essas alterações [F6].
Passo a passo para aplicar sem perder autoria
- Gere sugestões de reescrita em modo comentários.
- Compare versão original e sugerida em coluna paralela.
- Aceite só as mudanças que não alteram conteúdo conceitual; anote justificativa.
Limite: não use para criar hipóteses ou resultados. Se precisar de reescrita conceitual, envolva orientador.
3) Padronização de citações e formatação
Por que isso importa em 60 segundos
Erros em referências e formatação atrasam submissões e podem violar normas dos periódicos. Ferramentas que normalizam citações economizam tempo, mas a responsabilidade final é do autor.
O que os guias recomendam [F5][F1]
Diretrizes editoriais e políticas institucionais pedem checagem de formato e precisão das referências, além de indicar quando declarar o uso de ferramentas automatizadas na preparação do manuscrito [F5][F1].

Checklist rápido para referências e formato
- Exporte referências a partir do gerenciador e valide cada entrada.
- Use a ferramenta para uniformizar estilo, depois verifique DOI, autores e páginas.
- Salve um arquivo com histórico de alterações (prova de revisão).
Contraexemplo: aceitar correções automáticas sem conferir fonte. Se encontrar divergência, volte à base original e corrija manualmente.
4) Triagem de inconsistências factuais e coerência textual
O que é essa triagem e quando funciona
Ferramentas podem apontar frases contraditórias, citações mal atribuídas ou dados fora de contexto. Elas ajudam a localizar problemas, mas não substituem checagem de fontes e validação por especialistas.
Evidências e recomendações institucionais [F2][F6]
Relatórios e pesquisas destacam que verificadores automatizados detectam padrões de inconsistência, porém recomendam verificação manual e políticas de governança para uso responsável em ambientes acadêmicos [F2][F6].
Fluxo prático para checagem de coerência
- Rode a triagem automática e gere relatório de inconsistências.
- Priorize itens críticos: discrepância em dados, citações trocadas, afirmações sem fonte.
- Corrija e documente a justificação de cada ajuste.
Limitação: não conte com detectores para avaliar validade empírica. Se houver dúvida, repita a checagem com orientador e reavalie a evidência.
Como aplicar as quatro formas em 4 passos essenciais
O plano em poucas linhas
- Limite o escopo da IA a tarefas formais.
- Revise manualmente todas as sugestões.
- Documente alterações significativas.
- Declare o uso quando a política exigir.
O que a pesquisa prática indica [F2][F1]

Estudos e diretrizes apontam que fluxos que combinam automatização com supervisão humana reduzem riscos éticos e melhoram qualidade sem ameaçar integridade acadêmica [F2][F1].
Template de registro rápido (use já)
- Nome do arquivo: controle_revisao_NomeAutor.docx
- Coluna A: trecho original
- Coluna B: sugestão da IA
- Coluna C: decisão do autor e justificativa
- Data e assinatura do autor
Contraexemplo: não registrar nada. Se não houver registro, explique mudanças na carta de submissão ou em nota metodológica.
Ferramentas, privacidade e governança institucional
O que checar antes de usar qualquer ferramenta
Verifique termos de serviço, opção de processamento local e políticas de retenção de dados. Prefira ferramentas que ofereçam versão offline ou exportação local do texto.
Práticas institucionais brasileiras e recomendações [F6][F1]
Centros universitários e periódicos no Brasil publicaram orientações que incentivam governança, transparência e mecanismos de proteção à confidencialidade de manuscritos [F6][F1]. Use essas fontes para alinhar seu fluxo às normas da sua instituição.
Passos imediatos para proteger seu manuscrito
- Leia a política de privacidade da ferramenta.
- Evite colar manuscrito inteiro em ferramentas públicas sem opção privada.
- Prefira soluções locais ou com cláusula clara de não retenção.
Limitação: algumas ferramentas comerciais não oferecem processamento local. Se necessário, use versões de teste com trechos e valide localmente.

Erros comuns e como evitá-los
O que costuma dar errado na prática: confiar cegamente em sugestões, não registrar alterações, não checar políticas do periódico, ou usar IA para gerar conteúdo novo sem declaração.
O que costuma dar errado na prática
Confiar cegamente em sugestões, não registrar alterações, não checar políticas do periódico, ou usar IA para gerar conteúdo novo sem declaração.
O que pesquisas e guias apontam [F2][F5]
Relatórios alertam que essas práticas elevam risco de plágio oculto, apagamento de autoria e vieses não detectados. Governança e declaração mitigam impacto ético [F2][F5].
Pequeno protocolo de autocuidado antes da submissão
- Faça uma última leitura focada em voz e argumentos.
- Peça ao orientador revisar frases-chave.
- Inclua nota de uso de IA se a política exigir.
Contraexemplo: assumir que declaração não é necessária. Se a política for ambígua, pergunte ao editor ou à secretaria de pós.
Exemplo autoral: aplicação em uma seção de discussão
Eu usei checador gramatical e ferramenta de legibilidade para um rascunho de discussão: gerei sugestões, comparei versão original e sugerida em paralelo, aceitei apenas ajustes de clareza e registrei três mudanças conceituais que discuti com a orientadora antes de aceitar. Resultado: submissão mais clara e sem perda de propriedade intelectual.
Como validamos
Baseamos recomendações em literatura revisada e em diretrizes nacionais e institucionais publicadas entre dezembro de 2024 e outubro de 2025. Priorizamos estudos empíricos sobre ferramentas de revisão e guias de políticas brasileiras, além de testes práticos de fluxo e templates aplicáveis em ambientes de pós-graduação.
Conclusão rápida e ação recomendada
Resumo: use IA para correções formais, legibilidade, padronização de referências e triagem de inconsistências, sempre com supervisão humana, registro de alterações e declaração quando exigida. Ação prática: hoje, crie o arquivo “controle_revisao_NomeAutor” e registre as três primeiras sugestões da IA que você aceitar.
Recurso institucional recomendado: consulte a política do seu programa de pós-graduação ou do periódico alvo antes da submissão.
FAQ
Preciso declarar o uso de IA na submissão?
Depende da política do periódico ou universidade. Se houver exigência, declare; se estiver em dúvida, consulte o editor ou secretaria. Próximo passo: mantenha registro de alterações para provar supervisão humana.
Posso usar IA para reescrever minhas ideias?
Evite. Use IA apenas para forma e clareza. Se usar para reescrita substantiva, discuta com seu orientador e declare o uso. Passo acionável: sempre salve a versão original antes de aplicar sugestões.
Ferramenta gratuita é perigosa para manuscrito?
Pode ser, se os termos permitirem retenção de dados. Confira a política e prefira processamento local ou exportação imediata. Ação imediata: use trechos em vez do manuscrito inteiro se não houver opção privada.
Como provar que revisei as sugestões da IA?
Mantenha um documento com trecho original, sugestão da IA, decisão e justificativa. Isso funciona como trilha de auditoria simples. Próximo passo: salve cópia datada do arquivo de controle.
E se a IA sugerir uma citação que eu não verifiquei?
Não aceite sem checar a fonte original. Ferramentas podem apontar referências erradas. Ação: confirme DOI e autor na base de dados acadêmica.
Elaborado pela Equipe da Dra. Nathalia Cavichiolli.
Dra. Nathalia Cavichiolli — PhD pela USP, com dois pós-doutorados; MBA em Gestão e Docência; experiência internacional na The Ohio State University (EUA); revisora de periódicos científicos pela Springer Nature, com atuação em 37+ revistas, incluindo a Nature; especialista em escrita acadêmica há 15+ anos; pioneira no uso de IA para escrita científica no Brasil; 2.800+ alunos impactados no Brasil e em 15+ países.
Referências
- [F2] – https://pmc.ncbi.nlm.nih.gov/articles/PMC11981593/
- [F1] – https://blog.scielo.org/blog/2025/02/05/pesquisadores-lancam-diretrizes-iag/
- [F6] – https://www.ufrgs.br/bibodo/pesquisadores-brasileiros-lancam-diretrizes-para-o-uso-etico-e-responsavel-da-inteligencia-artificial-generativa-iag/
- [F5] – https://revista.ibict.br/ciinf/politicaIA